A palavra que dominou os últimos temas do Enem

Nos últimos anos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem seguido um padrão temático que chamou a atenção de professores e candidatos. A palavra “desafios” foi destaque nas provas de 2022, 2023 e 2024.

Sua presença nesses temas sugere uma tendência na abordagem das propostas: apresentar ao estudante um problema social, exigindo análise crítica e soluções possíveis dentro da realidade brasileira.

A recorrência da palavra “desafios” nas edições recentes

Desde 2022, o tema da redação do Enem trouxe a palavra “desafios” como parte central da proposta. Isso se vê claramente nos três últimos temas:

• 2022: Desafios para a valorização de povos tradicionais no Brasil
• 2023: Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil
• 2024: Desafios para a valorização da herança africana no Brasil

A repetição desse termo expressa mais do que uma escolha linguística. A ideia central é colocar o participante frente a um obstáculo coletivo que exige argumentação lógica, crítica e apontamento de soluções viáveis dentro do contexto social brasileiro.

Esse padrão também reforça um direcionamento pedagógico da banca organizadora: estimular o pensamento socialmente engajado.

O papel da palavra “desafios” na interpretação do tema

Muitos estudantes focam em tentar prever o assunto da redação, mas compreender o uso da palavra “desafios” pode ser mais eficiente. Isso porque ela sugere desde o início que há uma problemática complexa, sem resolução simples. A proposta exige:

• Apresentar causas e consequências;
• Mostrar empatia e compreensão do contexto social;
• Propor intervenções coerentes e respeitosas aos direitos humanos;
• Fundamentar com base em fatos e conhecimento sociocultural.

Além do termo “desafios”, outras palavras com essência problemática ou crítica já apareceram, como “estigma”, “invisibilidade” e “manipulação”. Essas expressões também apontam caminhos analíticos semelhantes.

O que esse padrão indica sobre as próximas edições do Enem

A presença contínua da palavra “desafios” nos temas mais recentes pode indicar uma intenção da banca em manter o foco na interpretação de cenários sociais diversos. Essa constância possibilita aos alunos terem uma diretriz clara: o Enem quer discutir as barreiras existentes no Brasil e como superá-las.

Portanto, é mais produtivo treinar redações com essa perspectiva crítica do que tentar adivinhar assuntos. Ao se preparar para discutir diferentes segmentos da sociedade – como questões raciais, de gênero, culturais ou trabalhistas – o estudante estará mais capacitado para lidar com a proposta.

O que esperar do tema da redação do Enem 2025

Com base na sequência dos últimos anos, é possível que o termo “desafios” permaneça, uma vez que ele representa bem a missão de formar cidadãos conscientes e atuantes. Temas atuais como:

• Exposição excessiva da infância nas redes sociais;
• Vício em apostas esportivas;
• Inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho;
• Uso irresponsável de tecnologias com impactos sociais;

Esses assuntos surgem como debates contemporâneos que ainda enfrentam obstáculos estruturais. Ou seja, são cenários com desafios a serem analisados e solucionados em uma proposta de redação.

Por que o foco deve ser a interpretação e não a previsão

Diante dessa constância temática, especialistas em educação reforçam que o preparo deve se concentrar em habilidades de interpretação e argumentação. O treinamento deve contemplar:

• Leitura atenta dos textos motivadores;
• Identificação do problema central proposto;
• Organização lógica dos argumentos;
• Propostas de intervenção alinhadas à Constituição.

Em vez de apostar cegamente na previsão do tema, investir no domínio da estrutura da dissertação argumentativa é o caminho certo para uma boa nota.

Portanto, “desafios” não é apenas uma palavra repetida, mas sim uma síntese da proposta pedagógica da redação do Enem: transformar problemas sociais em oportunidades de reflexão e mobilização.