Luis Fernando Verissimo, um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea, teve presença recorrente nas provas do Enem. Seu estilo bem-humorado, crítico e acessível dialoga perfeitamente com as temáticas cobradas no exame — como linguagem, sociedade e cultura.
Ao longo dos anos, o autor gaúcho foi destaque por meio de crônicas, poemas e tirinhas que abordam variação linguística, crítica social e intertextualidade. Conheça quatro edições em que sua obra esteve nas provas.
O que você vai ler neste artigo:
Estreia em 1998: o jogador formal
Na primeira edição do Enem, Verissimo foi lembrado com uma tirinha que subverte estereótipos linguísticos. Na história, um jogador de futebol é entrevistado após a partida, e, ao contrário do esperado, responde com expressões eruditas e vocabulário rebuscado: “concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios”.
A graça surge no contraste entre a linguagem coloquial tradicionalmente associada a entrevistas esportivas e a inesperada formalidade do personagem. A questão abordava variação linguísticae o conceito de adequação comunicativa, elementos presentes na competência 7 da matriz de Linguagens do Enem. O gabarito foi a letra E.
Crítica à norma-padrão no Enem 2022
Em 2022, uma crônica retirada do livro “Comédias para Ler na Escola” (2001) apresentou dois personagens discutindo o uso correto da língua portuguesa. Um deles enfatiza o uso da gramática normativa mesmo em situações cotidianas, enquanto o outro utiliza formas mais coloquiais.
Mais uma vez, o humor de Verissimo evidencia a tensão entre o uso da norma culta e os registros informais, apontando com ironia os limites da imposição linguística. O Enem utilizou esse texto para explorar a compreensão dos registros linguísticose a crítica à ideia de que só existe “uma forma certa” de falar. A resposta correta era a letra B.
Sátira no casamento: Enem 2012
No ano de 2012, o Enem trouxe um poema de Verissimo que satiriza a idealização do casamento. O texto combina rimas simples com uma proposta surpreendente: ao invés de “sermos felizes para sempre”, o eu lírico declara que gostaria de ser “meio feliz para sempre”. Além disso, propõe dividir as contas, a escova de dentes e os problemas.
Essa questão exigia do candidato leitura inferencial e domínio de linguagem conotativa, além da identificação de uma crítica aos padrões românticos convencionais. O uso da palavra “meio” também trouxe um jogo de duplo sentido, entre o valor numérico e a ideia de parcialidade emocional. O gabarito foi a letra B.
Intertextualidade e gírias em 2014
Já em 2014, Verissimo apareceu com um texto que reconstrói o episódio do nascimento de Jesus em tom coloquial. A linguagem empregada recorda conversas informais típicas de bares, com gírias como “tipo assim”, aproximando o sagrado do popular.
O humor surge do choque entre o conteúdo religiosotradicionalmente sério e a linguagem descontraída. Além disso, a prova exigia que o estudante identificasse a intertextualidadecom passagens bíblicas e reconhecesse a função crítica do humor nas releituras contemporâneas. Esta questão reforçava as competências 5 e 6 da área de Linguagens. A alternativa correta foi a letra E.
Tópicos frequentes explorados através da obra de Verissimo:
- Variação linguística
- Ironia e humor como crítica social
- Subversão de expectativas
- Intertextualidade com textos religiosos e midiáticos
- Registro coloquial e sua legitimidade cultural
Luis Fernando Verissimo contribuiu com riqueza para exames como o Enem justamente pela versatilidade de sua escrita. Suas obras ultrapassam o literário, alcançando debates sobre linguagem, comportamento e sociedade — temas centrais para a formação crítica exigida dos estudantes brasileiros.
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