Como evitar fuga ao tema na redação do Enem 2025

O tema da redação do Enem 2025 trouxe um recorte presente no cotidiano: as “perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Apesar da aparente simplicidade, o enunciado exigia análise ampliada e recorte claro sobre a condição dos idosos no país.Muitos participantes se perderam ao tratar o assunto superficialmente ou sem mencionar diretamente o processo de envelhecer. Fugir da proposta não exigia muito: era suficiente não abordar, de forma precisa, a realidade do idoso no Brasil.

O que o tema exigia

A proposta pedia uma reflexão crítica e contextualizada sobre o envelhecimento na sociedade brasileira. Portanto, o candidato precisava ir além de uma abordagem genérica sobre gerações ou saúde pública. Segundo especialistas, era necessário construir um panorama com causas, consequências e desafios enfrentados pelos idosos, explorando múltiplas dimensões do envelhecer no país.Textos que tratavam exclusivamente de juventude, de relações entre gerações ou de temas sociais generalistas — sem ligação evidente com o envelhecimento — eram considerados tangenciais ou até fuga total. Além disso, o uso da palavra “perspectivas” no enunciado exigia amplitude e articulação de refletir sobre múltiplos pontos de vista.

Como identificar fuga total ao tema

A fuga completa à proposta acontecia quando o participante:

• Não mencionava idosos, envelhecimento ou expressões equivalentes;
• Abordava outro grupo etário, ignorando a questão dos mais velhos;
• Tratava de problemas sociais sem associá-los diretamente ao envelhecimento;
• Deixava de apresentar análises com foco na sociedade brasileira.

Exemplo clássico de fuga seria escrever sobre os desafios da juventude no mercado de trabalho, uma questão relevante, porém desvinculada do centro temático da prova.

Tangenciamento e foco distorcido

Mesmo que o termo envelhecimento aparecesse no texto, a pontuação podia ser comprometida se o desenvolvimento tangenciasse o tema. Isso ocorria, por exemplo, ao:

• Mencionar conflitos entre gerações sem associá-los ao processo de envelhecer no Brasil;
• Focar exclusivamente em tecnologia ou redes sociais, ignorando idosos;
• Elaborar argumentos genéricos sobre respeito mútuo entre idades sem análise do grupo idoso.

Outro problema comum foi o foco temático distorcido. Ao tratar exclusivamente de um dos subtemas — como economia, saúde ou etarismo —, a redação perdia profundidade. A proposta pedia um olhar sistêmico e abrangente, não uma abordagem fechada em um único aspecto.

Quais temas estavam previstos na proposta

A coletânea de textos motivadores oferecia pistas importantes sobre os recortes esperados. Entre os eixos autorizados, estavam:

• A saúde do idoso: incluindo saúde mental e envelhecimento ativo;
• A economia: aposentadoria, papel dos idosos na renda familiar e vulnerabilidade financeira;
• Preconceito etário (etarismo): estigmas associados à idade e desafios na inserção social;
• Participação social e cultural dos idosos;
• Invisibilidade em políticas públicas e no núcleo familiar;
• Convivência intergeracional e mecanismos legais de proteção.

Assim, era permitido ao participante discorrer sobre saúde, finanças ou discriminação, desde que mantendo o envelhecimento como base central e articulando mais de uma dessas dimensões.

A importância de uma abordagem integrada

Para evitar os erros mais comuns — tangenciar, fugir ou limitar o foco —, o texto precisava refletir as transformações sociais e os desafios da terceira idade no Brasil. Valorizava-se o uso de dados e a problematização de desigualdades concretas, como:

• Falta de acesso a serviços de saúde especializados para idosos;
• Precariedade da previdência social diante do aumento da expectativa de vida;
• Preconceitos no ambiente de trabalho e vida social;
• Isolamento e solidão decorrentes da desvalorização da velhice.

A redação que explorava mais de um desses aspectos, conectando-os de forma coesa, tendia a cumprir a proposta com maior êxito, demonstrando compreensão crítica e domínio da estrutura exigida pela banca.Ao fim, interpretar corretamente o enunciado exige atenção especial ao recorte temático, articulação lógica e abordagem diversificada. Esses critérios fazem toda a diferença na nota final da redação.