Immanuel Kant: entenda a revolução na filosofia moderna

Immanuel Kant é um dos nomes mais influentes da filosofia moderna, conhecido por propor uma revolução no modo de pensar sobre o conhecimento, a moral e o papel da razão.

Sua vida metódica e obra rigorosa marcaram profundamente o pensamento ocidental, sendo fundamentais para qualquer estudante que deseje compreender as raízes do pensamento crítico e a estrutura da razão humana.

Vida e contexto histórico de Immanuel Kant

Immanuel Kant nasceu em 22 de abril de 1724, na cidade de Königsberg, então parte da Prússia Oriental, atual Kaliningrado. Filho de um artesão luterano, Kant cresceu em um ambiente religioso e disciplinado, circunstância que influenciou seu comportamento metódico ao longo da vida. Apesar de não ser rico, conseguiu estudar graças ao seu desempenho e disciplina, ingressando na Universidade de Königsberg aos 16 anos para estudar Teologia, mas rapidamente voltou sua atenção para a Filosofia, as Ciências Naturais e a Matemática.

Após a morte do pai, passou anos trabalhando como preceptor em casas aristocráticas até retornar à universidade, onde se tornou doutor em Filosofia. Atuou como professor por quase cinco décadas, sempre em sua cidade natal, sem jamais deixá-la. Seu estilo de vida disciplinado era tão preciso que os moradores podiam ajustar seus relógios ao vê-lo caminhar pelas ruas nos mesmos horários todos os dias.

Kant manteve relações críticas com a religião e chegou a ser proibido de escrever sobre o tema durante o reinado de Frederico Guilherme II. Sua filosofia influenciou profundamente os rumos da ética, da política, da estética e da própria teoria do conhecimento.

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Revolução copernicana da filosofia

Assim como Nicolau Copérnico revolucionou a ciência ao colocar o Sol, e não a Terra, no centro do universo, Kant comparou sua filosofia a uma reviravolta semelhante. Até então, muitos filósofos acreditavam que o conhecimento deveria se conformar aos objetos. Kant, no entanto, argumentou que os objetos é que se conformam às estruturas da mente humana.

Essa ideia, presente na obra Crítica da razão pura (1781), foi o ponto de partida do chamado idealismo transcendental, que procurou unir os méritos do racionalismo (razão como fonte principal do conhecimento) e do empirismo (experiência sensível como base do saber). Para ele, nossa mente possui formas puras de intuição (espaço e tempo) e categorias do entendimento (como causalidade e substância) que organizam os dados da experiência.

Moral e imperativo categórico

No campo da ética, Kant apresenta uma das teorias mais influentes da filosofia ocidental, formulada na Fundamentação da metafísica dos costumes (1785) e desenvolvida na crítica da razão prática (1788). Sua proposta moral baseia-se na ideia da razão prática e do imperativo categórico, a mais famosa expressão da moralidade kantiana.

O imperativo categórico possui várias formulações. As duas mais conhecidas são:

  • “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal”
  • “Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de qualquer outro, sempre como um fim e nunca como um meio”

Essas máximas excluem qualquer moral baseada em consequências ou desejos, apelando para a razão como base da ética. Para Kant, a moral é válida universalmente e o dever deve ser cumprido independentemente dos resultados esperados.

Essa perspectiva racionalista marcou fortemente o desenvolvimento de teorias deontológicas na filosofia moral e é uma referência permanente nos debates sobre ética, responsabilidade e justiça.

Projeto político e paz entre as nações

A obra política mais conhecida de Kant é à paz perpétua(1795), onde ele propõe um modelo ideal de convivência entre Estados soberanos, baseado no respeito mútuo, em instituições republicanas e em uma federação internacional que impeça a guerra. Esse texto inspirou diversos projetos de integração internacional, como a criação da Liga das Nações e, posteriormente, da Organização das Nações Unidas (ONU).

Para Kant, a paz é um imperativo da razão prática, e a construção de instituições jurídicas sólidas e direitos humanos universais é condição necessária para escapar da barbárie. O chamado “cosmopolitismo kantiano” ainda influencia a filosofia política e as relações internacionais contemporâneas.

Contribuições para a estética e o juízo

Em sua crítica da faculdade de julgar (1790), Kant avança para outro campo, a estética. Desenvolve o conceito de “juízo estético” baseado no sentimento de prazer desinteressado, isto é, quando apreciamos algo sem desejar possuí-lo ou usá-lo. Para o filósofo, o belo é aquilo que, ao ser contemplado, gera uma harmonia entre as faculdades da imaginação e do intelecto.

Além disso, a noção kantiana de sublime, ligada àquilo que ultrapassa nossa capacidade de compreensão, mas ainda assim nos fascina, foi determinante para a estética romântica e para a teoria crítica no século XX.

Citações célebres de Kant

As ideias de Kant são muitas vezes acompanhadas por frases que sintetizam seu pensamento. Entre as mais importantes estão:

  • “O céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”- referência à admiração pelas leis físicas do universo e pelas leis morais universais.
  • “A moral não é a doutrina que nos ensina como ser felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade.”
  • “A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que mata.”

Essas frases demonstram a profundidade de seu pensamento, pautado por princípios racionais de moralidade e respeito à dignidade humana.

Por que estudar Kant nos vestibulares e no ENEM?

A leitura da obra de Immanuel Kant é essencial para quem deseja fazer uma análise crítica e profunda sobre temas como ética, política, liberdade, autonomia e conhecimento. Ele é frequentemente citado em questões das áreas de Filosofia, Sociologia e até Redação nas provas do ENEM e outros vestibulares.

Portanto, compreender os conceitos chave do criticismo kantiano é um diferencial para articular respostas com consistência filosófica e rigor argumentativo. Além disso, sua influência em pensadores posteriores, como Hegel, Marx, Nietzsche e Habermas, destaca sua centralidade no desenvolvimento da filosofia ocidental.

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