Respirar ar puro é essencial para a saúde e o bem-estar, mas essa necessidade tem sido cada vez mais comprometida por poluentes atmosféricos. Nas grandes cidades, a qualidade do ar tem se deteriorado drasticamente, o que impõe desafios urgentes à saúde pública e à sustentabilidade ambiental.
Entender como a qualidade do ar é afetada globalmente e no território brasileiro é fundamental para quem busca interpretar fenômenos ambientais e sociais em provas como o Enem e vestibulares que cobram atualidades.
O que você vai ler neste artigo:
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Qualidade do ar: o que é e como é medida
A qualidade do ar representa o nível de pureza do ar que respiramos, sendo fundamental para a conservação ambiental e o bem-estar humano. Ela é determinada pela presença e pela concentração de poluentes atmosféricos, como o monóxido de carbono (CO), o dióxido de nitrogênio (NO₂), o ozônio (O₃) e partículas finas em suspensão (PM2,5 e PM10).
Esses compostos são medidos em microgramas por metro cúbico (µg/m³) e indicam diretamente os riscos à saúde. Quando os níveis ultrapassam os limites determinados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a qualidade do ar passa a representar um perigo, principalmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.
Causas da baixa qualidade do ar
Ação humana como principal agente poluidor
Grande parte dos poluentes atmosféricos é resultado de atividades antrópicas. Entre as principais causas estão:
- Queima de combustíveis fósseis(como gasolina e diesel), predominante nos setores de transporte e energia.
- Emissões industriais, que liberam gases e partículas nocivas em grande volume.
- Queimadas, comuns na região amazônica e no Cerrado, que liberam fuligem e compostos tóxicos no ar.
- Descarte inadequado de resíduos, incluindo incineração de lixo e queima de materiais tóxicos.
Fatores naturais
Embora em escala menor, os fenômenos naturais também desempenham papel relevante. A inversão térmica em áreas urbanas, por exemplo, impede a dispersão de poluentes. Além disso, ventos fortes transportam partículas de fumaça e poeira por centenas de quilômetros, o que agrava a qualidade do ar significativamente.
Monitoramento da qualidade do ar
Como os índices são calculados
O monitoramento da qualidade do ar é feito com base em índices padronizados. O principal deles é o Air Quality Index (AQI), desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Esse índice classifica a qualidade do ar em faixas que vão de “Boa” (0-50) até “Perigosa” (acima de 301), conforme a concentração de poluentes.
Faixa do AQI |
Classificação |
Riscos à saúde |
0 – 50 |
Boa |
Nenhum |
51 – 100 |
Moderada |
Leves riscos à população sensível |
101 – 150 |
Insalubre para grupos vulneráveis |
Riscos para idosos, crianças e doentes crônicos |
151 – 200 |
Insalubre |
Efeitos adversos à saúde geral |
201 – 300 |
Muito insalubre |
Aumenta o risco de doenças graves |
≥ 301 |
Perigosa |
Todos correm risco; situação emergencial |
Plataformas como o IQAir disponibilizam esses dados em tempo real, com alertas e previsões para cidades em todo o mundo, incluindo municípios brasileiros.
Qualidade do ar no Brasil
Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado crises frequentes de poluição atmosférica, principalmente durante os períodos de seca. Queimadas em larga escala na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado liberam toneladas de partículas finas na atmosfera, que atingem diversas regiões do país.
Em setembro de 2024, a cidade de São Paulo chegou a liderar o ranking mundial de pior qualidade do ar por vários dias. Além de São Paulo, municípios como Porto Velho (RO), Rio Branco (AC) e Campinas (SP) apresentaram níveis considerados insalubres e muito insalubres pelo AQI, afetando diretamente a vida urbana.
Outros fatores que agravam a situação incluem:
- Tráfego intenso e constante emissão de gases por frotas mal reguladas.
- Falta de políticas públicas eficazes para controle das emissões.
- Pouca manutenção de áreas verdes, que ajudam a absorver e filtrar poluentes.
Qualidade do ar no mundo
A poluição atmosférica é um problema global. Segundo a OMS, mais de 7 bilhões de pessoas vivem em áreas onde os limites de qualidade do ar são superados, o que representa cerca de 91% da população mundial. A situação é especialmente grave em países asiáticos e africanos com crescimento urbano desordenado e grandes áreas industriais.
Países com pior e melhor qualidade do ar em 2023
Pior Qualidade do Ar |
Índice Médio AQI |
Melhor Qualidade do Ar |
Índice Médio AQI |
Bangladesh |
164 |
Polinésia Francesa |
13 |
Paquistão |
160 |
Ilhas Maurício |
14 |
Índia |
147 |
Islândia |
17 |
Tajiquistão |
134 |
Nova Zelândia |
18 |
Burkina Faso |
128 |
Estônia |
20 |
A exposição prolongada a esses níveis de poluição pode causar doenças respiratórias, cardiovasculares e até câncer. É por isso que diversos países investem em políticas de transição energética e mobilidade sustentável para reduzir as emissões.
Impactos na saúde e no cotidiano
Os efeitos da má qualidade do ar são variados e prejudiciais:
- Sintomas leves: irritação nos olhos, nariz e garganta; tosse e fadiga.
- Problemas respiratórios: crises de asma, bronquite e agravamento da rinite alérgica.
- Doenças crônicas: maior incidência de doenças do coração e pulmões, além de câncer.
- Mortes prematuras: segundo dados do IQAir, mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente por causas relacionadas à poluição do ar.
Entre os grupos mais afetados estão crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças pré-existentes. Em dias críticos, recomenda-se:
- Reduzir atividades ao ar livre;
- Usar máscaras do tipo N95 ou PFF2;
- Fechar portas e janelas;
- Manter ambientes internos úmidos e ventilados adequadamente.
A importância da conscientização e da ação coletiva
Para reverter esse cenário preocupante, são necessárias ações coordenadas entre governos, empresas e sociedade civil. Políticas públicas de controle de emissões, fomento à economia verde, estímulo ao transporte público limpo e educação ambiental são medidas urgentes. A adoção de veículos elétricos e a preservação das florestas também são fundamentais para recuperação e preservação da qualidade do ar.
Além disso, é essencial que a população acompanhe os índices de qualidade do ar e adote medidas de prevenção em períodos críticos, gerando pressão por transformações sustentáveis nas cidades.
Portanto, a qualidade do ar é um reflexo direto das escolhas humanas. Por isso, repensar as práticas cotidianas e exigir responsabilidade ambiental são passos decisivos para garantir um futuro mais saudável para todos.