A Fuvest já divulgou com antecedência a lista de obras literárias exigidas nos vestibulares de 2030 a 2033. O conjunto de livros traz inovações significativas, tanto em gênero quanto em representatividade de vozes e culturas.
Entre os destaques estão o retorno de Machado de Assis à lista obrigatória, autores indígenas como Daniel Munduruku, além da inclusão de uma graphic novel e de nomes da literatura africana e asiática.
O que você vai ler neste artigo:
Obras obrigatórias da Fuvest 2030 e 2031
A lista válida para os vestibulares de 2030 e 2031 evidencia uma diversificação importante. O objetivo da banca é introduzir diferentes perspectivas culturais e ampliar os horizontes dos estudantes por meio de um recorte mais representativo da literatura de língua portuguesa. Confira:
- Laços de família, de Clarice Lispector (contos)
- Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena, de Eliane Potiguara (org. Trudruá Dorrico e Maurício Negro)
- A moratória, de Jorge Andrade (peça teatral)
- Uma faca só lâmina, de João Cabral de Melo Neto (poesia)
- Beco do Rosário, de Ana Luiza Koehler (graphic novel)
- Esaú e Jacó, de Machado de Assis (romance)
- Memorial do Convento, de José Saramago (romance)
- A ilha fantástica, de Germano Almeida (romance – autor de Cabo Verde)
- Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (diário / romance)
As obras estão distribuídas entre gêneros diversos como conto, poesia, romance, teatro e graphic novel. Além disso, amplia-se o espaço para autoras e autores negros, indígenas e de origens lusófonas diversas.
Novidades literárias para 2032 e 2033
A lista de livros para os anos seguintes, 2032 e 2033, mantém algumas obras dos ciclos anteriores e traz novos nomes para reforçar a multiplicidade de vozes presentes na literatura. Entre os destaques estão o romance indígena de Daniel Munduruku e o reconhecimento do autor timorense Luís Cardoso.
Veja a seleção completa para esse biênio:
- Laços de família, de Clarice Lispector (contos)
- Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes (teatro)
- Uma faca só lâmina, de João Cabral de Melo Neto (poesia)
- Beco do Rosário, de Ana Luiza Koehler (graphic novel)
- Úrsula, de Maria Firmina dos Reis (romance abolicionista)
- Esaú e Jacó, de Machado de Assis (romance)
- O plantador de abóboras, de Luís Cardoso (romance do Timor-Leste)
- Casa de família, de Paula Fábrio (romance contemporâneo)
- Fantasmas, de Daniel Munduruku (romance indígena)
A presença de Vinicius de Moraes com a peça “Orfeu da Conceição” marca o retorno do lirismo dramático à lista. A inserção de Paula Fábrio e Maria Firmina dos Reis reforça a presença feminina na prosa de ficção, enquanto Daniel Munduruku contribui com uma narrativa inédita da perspectiva indígena brasileira.
Destaques e tendências da nova seleção
A lista da Fuvest sinaliza transformações relevantes no campo do ensino de literatura. As bancas examinadoras apostam em uma formação que valoriza as relações étnico-raciais, a diversidade de gêneros literários e autores fora do eixo tradicional da literatura brasileira e portuguesa. Entre os pontos notáveis, estão:
- Inserção de autores africanos e asiáticos de países lusófonos, como Germano Almeida e Luís Cardoso.
- Inclusão de uma obra em formato de HQ, o que amplia a abordagem visual e estética dos textos literários.
- Presença de múltiplos autores negros e indígenas, com foco em narrativas que discutem exclusão social, ancestralidade e identidade cultural.
Além disso, nota-se uma aposta no equilíbrio entre obras clássicas e produções contemporâneas. A manutenção de títulos como “Laços de Família” e “Uma faca só lâmina” demonstra a valorização da linguagem poética e introspectiva, enquanto “Casa de Família” e “Fantasmas” tratam de questões atuais sob outras abordagens narrativas.
Maior tempo de preparo para alunos e escolas
A divulgação antecipada das listas – anunciadas já em 2024 – facilita o planejamento das escolas e cursinhos preparatórios. A escolha dos livros é definida por uma comissão composta por membros da Seção Acadêmica da fundação Fuvest, em colaboração com docentes especialistas da banca de Literatura.
Com essas mudanças, espera-se promover uma leitura mais plural e crítica, em consonância com as exigências contemporâneas por representatividade e equidade social. Além de preparar para o vestibular, a lista também quer formar leitores atentos à diversidade do mundo real.
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