A língua portuguesa, com suas nuances e regras complexas, frequentemente gera dúvidas de português até mesmo em falantes nativos. Uma dessas incertezas comuns reside na utilização correta da expressão à medida que e sua variação sem crase.
Entender o contexto e a função gramatical de cada forma é crucial para garantir a clareza e a correção na comunicação escrita. Por conseguinte, este artigo desvenda as particularidades de ambas as construções, especialmente importantes para estudantes que se preparam para vestibulares e o ENEM.
O que você vai ler neste artigo:
A crase em à medida que: um sinal de proporção e simultaneidade
A forma à medida que, escrita com crase, é uma locução conjuntiva de valor proporcional. Sua função primordial é indicar uma ideia de simultaneidade ou proporção, sugerindo que algo ocorre em paralelo ou na mesma proporção que outra ação.
Em outras palavras, pode ser substituída por expressões como “à proporção que”, “conforme”, “quanto mais” ou “ao passo que”. A presença da crase aqui é obrigatória, pois trata-se da junção da preposição “a” com o artigo definido feminino “a”, que acompanha o substantivo “medida” dentro da locução conjuntiva.
Considerando seu emprego, a locução à medida que descreve um processo gradual. Por exemplo: “À medida que os dias passavam, a saudade aumentava.” Neste caso, o aumento da saudade é diretamente proporcional ao tempo que transcorre.
Observa-se que a ação de “passar os dias” e “aumentar a saudade” acontecem de forma concomitante. Esta é uma das variantes linguísticas mais cobradas em provas de vestibular.
Diversos cenários cotidianos se encaixam no uso de à medida que. No âmbito profissional, um relatório pode indicar: “Os resultados melhoraram à medida que a equipe recebia mais treinamento.”
Evidentemente, o aprimoramento dos resultados esteve diretamente ligado ao progresso na capacitação dos colaboradores. A interdependência das ações é um aspecto fundamental desta construção.
É fundamental reiterar que à medida que não se refere a uma “medida” enquanto objeto ou quantidade, mas sim à proporção ou simultaneidade entre dois eventos. A ausência da crase alteraria completamente seu sentido ou a tornaria gramaticalmente incorreta nesse contexto de locução.
Compreendendo a medida que sem crase
Por outro lado, a expressão a medida que (sem crase) possui uma função gramatical distinta. Geralmente, nesta construção, “medida” atua como um substantivo feminino, podendo ser o sujeito ou o objeto de uma oração, e o “que” subsequente é um pronome relativo.
Assim, não se trata de uma locução conjuntiva, mas sim de um substantivo “medida” seguido de um “que” com função anafórica ou conectiva. Esta diferença é crucial para quem estuda classes gramaticais para o vestibular.
Para ilustrar, observe a frase: “A medida que foi tomada pelo governo gerou controvérsia.” Aqui, “a medida” refere-se a uma providência específica, uma ação concreta, e não a uma proporção.
O “que” funciona como pronome relativo, introduzindo uma oração subordinada adjetiva que qualifica a “medida”. Percebe-se, portanto, que não há sentido de proporção ou concomitância entre eventos.
Outro exemplo claro pode ser encontrado em: “Ele questionou a medida que o colega havia proposto.” Neste caso, “a medida” é o objeto direto do verbo “questionar”, e novamente, o “que” retoma “a medida”.
A ausência da crase é justificada porque não há a ocorrência da preposição “a” exigida pela locução conjuntiva. Em contextos técnicos ou científicos, ao discutir uma escala ou um padrão, o uso de a medida que sem crase seria apropriado.
Por exemplo: “A medida que o cientista utilizou para aferir os dados revelou-se imprecisa.” Aqui, “a medida” é a unidade ou método de aferição.
Distinguindo à medida que de outras expressões
A confusão entre à medida que e a medida que é uma dúvida de português bastante comum, mas a distinção entre elas é crucial para a precisão da linguagem.
Estudantes que dominam essas diferenças demonstram conhecimento avançado das preposições e seu uso correto na língua portuguesa.
Adicionalmente, existe outra locução, na medida em que, que também pode gerar equívocos, mas seu significado é totalmente diferente. Enquanto à medida que expressa proporção, na medida em que indica causa, justificação ou explicação.
Pode ser substituída por “porque”, “já que” ou “uma vez que”. Por exemplo: “Ele foi elogiado na medida em que cumpriu suas metas com excelência.” Esta distinção é fundamental para quem busca dominar quando usar crase em diferentes contextos.
O papel da crase nas locuções conjuntivas
A correta aplicação da crase na locução à medida que é um ponto essencial da gramática normativa brasileira. A crase é um sinal grave indicativo da fusão da preposição ‘a’ com o artigo feminino ‘a’ ou com os pronomes demonstrativos.
No caso de à medida que, sua presença é inflexível, marcando inequivocamente a relação de proporcionalidade. Este conhecimento é especialmente relevante para estudantes que se preparam para questões de língua portuguesa em vestibulares e no ENEM.
Aplicação prática e memorização
Para fixar o uso correto, considere que à medida que sempre indica simultaneidade ou proporcionalidade. Observe exemplos práticos:
- “À medida que estudava mais, suas notas melhoravam.” (proporcionalidade)
- “À medida que o tempo passava, ele se tornava mais confiante.” (simultaneidade)
Em ambos os casos, há uma relação direta entre as ações, característica das locuções conjuntivas proporcionais.
Por outro lado, quando “medida” funciona como substantivo:
- “A medida tomada pelo diretor foi controversa.” (medida = providência)
- “A medida do tecido estava incorreta.” (medida = dimensão)
Dominar essas diferenças é essencial para quem busca aperfeiçoar sua escrita e obter sucesso em avaliações que cobram figuras de linguagem e construções sintáticas complexas.
Em suma, a observação do contexto é a chave para discernir quando usar à medida que com crase ou a medida que sem ela. Se a ideia transmitida for de proporcionalidade, simultaneidade ou um processo gradual, a forma correta é à medida que.
Contudo, se “medida” for um substantivo ao qual se refere um pronome relativo, indicando uma ação ou uma quantificação específica, a crase deve ser omitida, resultando em a medida que. Ao dominar essa diferença, a clareza e a correção linguística serão, invariavelmente, alcançadas.
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