Confundir a escrita de algumas palavras pode comprometer o desempenho em provas como o ENEM ou os vestibulares. Uma dessas dúvidas comuns envolve os termos “kilo” e “quilo”, especialmente pelo uso frequente do símbolo “kg” em contextos matemáticos e científicos. Será que ambos estão certos ou só um é aceito na Língua Portuguesa?
Para quem busca uma comunicação clara e correta nas redações, é fundamental entender a diferença entre forma e símbolo, além das regras de ortografia que regem nosso idioma. Assim, conhecer esses detalhes contribui não só para evitar erros, como também para enriquecer o vocabulário e a construção textual.
O que você vai ler neste artigo:
Afinal, “kilo” ou “quilo”?
A forma correta da palavra em português é “quilo”, escrita com “qu”. Essa é a forma reconhecida pela norma culta da Língua Portuguesa e deve ser usada tanto na linguagem falada quanto na escrita, inclusive em redações escolares ou em concursos. O uso de “kilo” com “k” é incorreto na ortografia do português, apesar de bastante comum devido à influência do símbolo “kg”.
Esse símbolo “kg”, composto por “k” (quilo) e “g” (grama), segue o padrão do Sistema Internacional de Unidades (SI), que adota convenções baseadas principalmente na Língua Francesa. Por isso, utiliza-se o “k” em vez do “qu”, mesmo nos países de língua portuguesa. Embora o símbolo seja universal, a mesma lógica não se aplica à grafia da palavra no português.
O uso de “kilo” em textos redigidos em português formal será considerado como erro ortográfico. Portanto, ao escrever em qualquer tipo de produção textual voltada a exames, concursos ou ambientes acadêmicos, opte sempre por “quilo”.
Origem e base etimológica
A palavra “quilo” tem origem no grego antigo “χίλιοι” (khílioi), que significa “mil”. Essa raiz etimológica passou para o francês como “kilo”, já com a grafia com “k”, e foi adotada posteriormente no vocabulário científico internacional. No português, no entanto, a adaptação fonética optou pela substituição de “k” por “qu”, respeitando as convenções gráficas do nosso idioma.
Esse mesmo padrão vale para outras palavras. Veja alguns exemplos:
- “Quilograma” (não “kilograma”)
- “Quilômetro” (não “kilômetro”)
- “Quilojoule” (não “kilojoule”)
A reforma ortográfica da Língua Portuguesa, implementada em 2009, manteve essa característica: o “k” continua sendo uma letra de uso restrito em nossa escrita, aplicada apenas em siglas, unidades de medida (como “kg”) e estrangeirismos consolidados.
Por que a confusão é tão comum?
O símbolo “kg” é amplamente utilizado em embalagens de alimentos, rótulos, etiquetas e tabelas nutricionais. Essa visualização frequente acaba influenciando a memória gráfica de quem lê, levando muitos a escrever “kilo”, como se fosse uma forma válida.
Além disso, o domínio da internet e o consumo de conteúdos em inglês aumentaram expressivamente a exposição à palavra “kilo”, como vista em expressões como “kilobyte” e “kilowatt”. Tais termos têm forte presença no meio digital, mas não se traduzem literalmente para o português na mesma grafia.
No meio acadêmico e técnico, é essencial separar o símbolo da palavra. Embora “kg” esteja certo como símbolo, ao escrever por extenso, deve-se sempre seguir a ortografia correta: quilo.
Exemplos práticos em frases
Para fixar a forma correta de uso, veja alguns exemplos de frases com a ortografia prevista pelas normas do português:
- Comprei três quilos de batata no mercado.
- O bebê engordou dois quilos no último mês.
- A receita pede um quilo de farinha.
- Malas com mais de 20 quilos precisam de taxa adicional.
Em todos esses casos, a palavra correta é sempre “quilo”, com “qu”.
E na poesia… também se escreve “quilo”!
A arte também valoriza a correta aplicação das palavras. No poema “Um metro de grito”, do poeta Paulo Leminski, o termo “quilo” aparece respeitando a grafia portuguesa, mesmo em um contexto mais subjetivo e literário. Isso reforça a importância da norma padrão em diferentes registros de linguagem.
“coisas que eu vendo a metro,
eles me compram aos quilos.”
Nesse fragmento, o poeta brinca com medidas e valores, mas mantém o uso coerente da escrita da palavra. Mesmo na poesia, a atenção à forma ortográfica ganha relevância estética e significante.
Quando usar o símbolo “kg” e quando usar “quilo”
- Use “kg” em contextos gráficos, técnicos ou em tabelas:
Ex: A embalagem contém 1,5 kg de arroz. - Use “quilo” em textos escritos por extenso em português:
Ex: A mala excedeu os 23 quilos permitidos.
Ambas formas cumprem propósitos distintos, o símbolo é válido apenas quando a unidade está representada em abreviação, enquanto a forma textual exige a grafia correta.
Fique atento às bancas examinadoras
Vestibulares e exames como o ENEM valorizam a escrita padronizada. Usar “kilo” em uma redação ou questão discursiva pode ser penalizado como erro ortográfico. Por isso, é fundamental que os candidatos fiquem atentos às normas da Língua Portuguesa, mesmo em palavras aparentemente simples e rotineiras.
Além disso, muitas provas incluem questões que exploram justamente armadilhas ortográficas ou fazem pegadinhas baseadas em influências do inglês. Estar bem preparado para distinguir exceções e regras pode render pontos preciosos.
Dessa forma, escrever corretamente faz toda a diferença, especialmente em redações e provas de Português. Apesar da influência do símbolo “kg”, a forma adequada e aceita na Língua Portuguesa é “quilo”, com “qu”. Portanto, dominar essa pequena, mas importante distinção, mostra que você tem domínio da norma culta, o que certamente conta pontos em avaliações dissertativas, vestibulares e até mesmo na sua comunicação em geral.
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