A fluência na língua portuguesa depende diretamente da capacidade de articular ideias com clareza e precisão. Nesse cenário, os pronomes relativos emergem como ferramentas gramaticais indispensáveis para conectar orações, evitar repetições e conferir coesão textual.
Dominar o uso de “que”, “quem”, “o qual” e “cujo” é crucial para construir frases complexas de forma elegante. Compreender suas particularidades é, portanto, um passo fundamental para aprimorar a escrita e a comunicação verbal.
O que você vai ler neste artigo:
A essência dos pronomes relativos na língua portuguesa
Os pronomes relativos possuem a notável função de retomar um termo antecedente em uma oração, introduzindo uma nova oração que a ele se refere. Esta característica os torna elementos-chave na formação das orações subordinadas adjetivas, que adicionam informações sobre um substantivo ou pronome já mencionado, sem a necessidade de repetir o termo. Sua utilização é vital para a fluidez textual e a eliminação de redundâncias, conferindo elegância ao discurso.
A correta aplicação desses elementos gramaticais é um diferencial significativo na qualidade do texto. Compreender o uso dos pronomes relativos é, antes de tudo, entender como evitar a fragmentação das ideias, unindo-as de maneira lógica e concisa. Assim, a gramática portuguesa nos oferece essas ferramentas para refinar nossa expressão.
Quando empregamos um pronome relativo, estamos, em essência, substituindo um termo que seria repetido, ao mesmo tempo em que estabelecemos uma relação entre duas sentenças. Essa capacidade de interligação é o que permite a construção de períodos mais elaborados e informativos, enriquecendo a mensagem transmitida.
Portanto, seja na literatura, no jornalismo ou na comunicação do dia a dia, o domínio dos pronomes relativos é uma habilidade indispensável. A precisão na escolha de “que”, “quem”, “o qual” ou “cujo” pode determinar a clareza e a eficácia da comunicação.
O pronome relativo “que”: versatilidade e abrangência
O pronome relativo que é, sem dúvida, o mais empregado e versátil na gramática portuguesa. Sua abrangência permite que se refira tanto a pessoas quanto a coisas, tornando-o uma escolha frequente na construção de orações. Por sua natureza universal, o “que” pode desempenhar diversas funções sintáticas dentro da oração, como sujeito, objeto direto, objeto indireto, ou complemento nominal, conforme o contexto.
Sua flexibilidade permite que seja utilizado em uma vasta gama de situações. Por exemplo, em “O livro que li é bom”, o “que” retoma “livro” e atua como objeto direto. Já em “A aluna que foi aprovada comemorou”, o “que” se refere a “aluna” e funciona como sujeito da oração subordinada.
É importante notar que o pronome que pode ser precedido por preposições, especialmente as monossilábicas. Construções como “a que”, “de que”, “em que” ou “por que” são comuns e corretas, desde que a preposição seja exigida pelo verbo ou nome da oração subordinada. Por exemplo, “A casa de que ele falou é antiga” indica que o verbo “falar” rege a preposição “de”.
Adicionalmente, o “que” é preferível em contextos mais gerais e quando a fluidez da frase é primordial, sendo a opção mais simples e direta. Entender as nuances do uso dos pronomes relativos como o “que” é fundamental para a clareza e naturalidade da escrita, especialmente em provas de língua portuguesa.
“Quem”: o pronome relativo exclusivo para pessoas
Diferente do “que”, o pronome relativo quem tem um uso mais restrito e específico. Sua principal característica é a referência exclusiva a pessoas ou a seres personificados, o que já o diferencia de outros pronomes relativos. Além disso, uma regra fundamental para seu emprego é a obrigatoriedade de vir sempre precedido por uma preposição.
Essa exigência preposicional é crucial para a correção gramatical ao se utilizar “quem”. Assim, frases como “A moça de quem falei chegou” ou “São pessoas a quem devemos respeito” ilustram a necessidade da preposição “de” e “a”, respectivamente, regidas pelos verbos “falar” e “dever”. O uso dos pronomes relativos “quem” sem preposição é considerado um erro comum.
É relevante destacar que “quem” substitui o “que” em contextos que retomam pessoas, especialmente quando há uma preposição envolvida. A substituição ajuda a evitar ambiguidade, tornando a frase mais específica e clara sobre a referência. Por exemplo, em vez de “A pessoa que você confia”, o correto é “A pessoa em quem você confia”.
Portanto, ao pensar em retomar um ser humano ou algo com características humanas em uma oração subordinada adjetiva, e se houver uma preposição exigida, o pronome quem é a escolha acertada. A atenção a essa particularidade é vital para quem busca a maestria na gramática portuguesa e deseja evitar erros comuns na escrita.
“O qual” e suas variações: clareza e formalidade nos pronomes relativos
O pronome relativo o qual e suas variações (a qual, os quais, as quais) são marcados pela flexibilidade de gênero e número, e são empregados para conferir maior formalidade e clareza ao texto. São especialmente úteis em construções mais complexas ou quando usar cujo não é adequado e se deseja evitar ambiguidades que poderiam surgir com o uso exclusivo do “que”.
Um dos cenários mais comuns para o emprego de o qual é após preposições que possuem duas ou mais sílabas, ou após locuções prepositivas. Isso inclui casos como “sobre o qual”, “durante o qual”, “mediante a qual” e “após os quais”. Essas construções proporcionam uma precisão sintática que, por vezes, o “que” não consegue oferecer em frases com múltiplos referentes. Por exemplo, “O relatório sobre o qual discutimos foi aprovado” é mais formal e claro que “O relatório que discutimos sobre foi aprovado”.
A utilização de o qual também é vantajosa em situações onde há uma distância considerável entre o pronome e seu antecedente, ou quando existem outros substantivos entre eles, o que poderia gerar confusão quanto ao termo retomado. Neste caso, a variação de gênero e número do “qual” esclarece qual substantivo está sendo referido. Por exemplo, “Conversei com a diretora da escola, a qual me orientou.” Aqui, “a qual” elimina qualquer dúvida sobre se a orientação veio da “escola” ou da “diretora”.
Dominar o uso dos pronomes relativos como “o qual” é um indicativo de refinamento na gramática portuguesa. Proporciona não apenas correção, mas também uma elegância e distinção à escrita, sendo preferível em textos acadêmicos, jurídicos ou jornalísticos, onde a precisão da informação é primordial.
“Cujo”: expressando posse com os pronomes relativos
O pronome relativo cujo (com suas variações cuja, cujos, cujas) possui uma função muito específica e distinta: ele estabelece uma relação de posse. Isso significa que ele sempre conecta um termo antecedente a um termo subsequente, indicando que o termo seguinte pertence ao termo anterior. É como dizer “de quem” ou “do qual”, mas de uma forma mais concisa e formal.
A característica mais importante de cujo é sua concordância. Diferente dos outros pronomes relativos, ele concorda em gênero e número com o substantivo que o sucede, e não com o antecedente. Por exemplo, em “A escritora cujos livros admiro é brasileira”, “cujos” concorda com “livros” (plural masculino) e não com “escritora” (singular feminino). Da mesma forma, em “A casa cuja porta está aberta é a minha”, “cuja” concorda com “porta” (singular feminino).
Uma regra gramatical fundamental, e frequentemente violada, é que cujo jamais deve ser utilizado com artigo separado. É um erro grave dizer “cujo o” ou “cuja a“. O próprio pronome já contém a ideia de posse, dispensando qualquer artigo. Portanto, frases como “Este é o professor cujo trabalho foi premiado” são corretas, enquanto “Este é o professor cujo o trabalho foi premiado” está incorreta.
Além disso, se um verbo posterior a cujo exigir uma preposição, esta deve aparecer antes do pronome. Por exemplo, “Esta é a pessoa a cujo pai me referi” (referir-se a alguém). Ou “São os alunos de cujas notas falamos” (falar de algo). Compreender quando usar cujo corretamente é um passo importante para a fluidez e a correção na gramática portuguesa.
Evitando armadilhas comuns no uso dos pronomes relativos
Dominar os pronomes relativos exige atenção a certas particularidades que frequentemente causam equívocos. A prevenção de erros comuns é essencial para garantir a clareza e a correção da gramática portuguesa. Uma das armadilhas mais frequentes reside na confusão entre “que”, “quem” e “o qual”, especialmente quando preposições estão envolvidas.
A primeira atenção recai sobre o uso indevido de artigos com cujo. Como mencionado, a forma correta nunca inclui um artigo após o pronome (ex: cujo trabalho, nunca cujo o trabalho). Este é um erro que compromete a formalidade e a correção da escrita, demonstrando a necessidade de compreender quando usar cujo sem o artigo.
Outro ponto crítico é a escolha entre “que” e “quem”. Lembre-se que quem se refere exclusivamente a pessoas e, crucialmente, é sempre precedido por uma preposição. Assim, “As pessoas de quem gosto” é o correto, e não “As pessoas que gosto”. A diferença entre que e qual também se manifesta na formalidade e na capacidade de evitar ambiguidades, especialmente em construções mais longas, onde “o qual” e suas variações (a qual, os quais, as quais) garantem maior precisão.
Ademais, a preposição deve sempre acompanhar o pronome relativo quando exigida pelo verbo ou nome da oração subordinada. Ignorar essa regra pode levar a construções truncadas e incorretas. Por exemplo, “O problema a que me referi” (referir-se a) e não “O problema que me referi”. O uso dos pronomes relativos demanda que a preposição que rege o verbo seja posicionada antes do pronome.
Praticar e revisar constantemente as regras de orações subordinadas adjetivas é o caminho para internalizar o uso correto desses elementos. A familiaridade com os contextos adequados para cada pronome – seja a versatilidade do “que”, a especificidade de “quem”, a clareza de “o qual” ou a posse expressa por “cujo” – eleva a qualidade da comunicação. Aprimorar o uso dos pronomes relativos é um investimento na capacidade de expressar ideias de forma impecável e eficaz, especialmente importante para quem se prepara para provas como o Enem.
Dominar os pronomes relativos “que”, “quem”, “o qual” e “cujo” é mais do que uma questão de conformidade gramatical; é uma habilidade que enriquece a capacidade de comunicar com clareza, coesão e elegância. Ao aplicar corretamente essas ferramentas da gramática portuguesa, evitamos ambiguidades e elevamos a qualidade textual, garantindo que a mensagem seja transmitida de forma precisa e impactante.
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