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Enem 2025: desafios da redação sobre envelhecimento e trabalhadores rurais

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A edição de 2025 do Enem surpreendeu ao apresentar diferentes temas de redação conforme a localidade e grupo específico dos candidatos. Enquanto o exame regular abordou o envelhecimento da população brasileira, o aplicado em Belém (PA) trouxe a valorização dos trabalhadores rurais.

Essa divisão permitiu observar níveis distintos de familiaridade entre os estudantes com os assuntos propostos, além de reforçar a exigência de leitura atenta e repertório sociocultural diversificado.

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Familiaridade dos candidatos com os temas

O tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, escolhido para o Enem regular, apresentou um grau de familiaridade consideravelmente maior para os candidatos em comparação ao tema aplicado no Pará. Desde os dados divulgados pelo Censo 2022, o envelhecimento populacional esteve entre os assuntos amplamente discutidos em salas de aula, simulados e materiais preparatórios.

Além disso, conceitos como etarismo, aposentadoria, saúde da população idosa e desafios da previdência compõem o repertório recorrente entre os estudantes. Isso ajudou a tornar o desenvolvimento da redação mais fluido para quem já havia explorado a temática previamente.

Por outro lado, “A valorização dos trabalhadores rurais no Brasil” demandava uma abordagem mais complexa por parte dos candidatos de Belém, Ananindeua e Marituba. O enfoque em um grupo social específico e historicamente marginalizado exigia um nível de contextualização mais sofisticado e um olhar crítico mais sensível acerca das estruturas socioeconômicas e políticas do campo.

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Complexidade semântica: pegadinhas nos enunciados

Tanto o termo “perspectivas” quanto “valorização” introduziram obstáculos interpretativos que podem ter comprometido o desempenho de candidatos menos atentos. A palavra “perspectivas” exigia não apenas uma análise do presente, mas também projeções futuras sobre os impactos do envelhecimento da população. Portanto, limitar-se a retratar dificuldades enfrentadas hoje poderia caracterizar tangenciamento do tema.

Já “valorização” possui um valor semântico implícito: indicar carência de reconhecimento. Candidatos que interpretaram o termo apenas como exaltação ou homenagem aos trabalhadores rurais podem ter desenvolvido argumentos rasos, sem adentrar nas causas da sua subvalorização ou nas consequências desse cenário desigual.

Esses deslizes, mesmo sutilmente inseridos na proposta, exigiram dos estudantes uma leitura crítica dos comandos e habilidade de articular ideias complexas com clareza.

Leitura e repertório: desafios para além do tema

Ambas as propostas cobraram altíssimo nível de interpretação textual, conforme indicou a análise dos professores consultados. A coletânea de textos que acompanhava as provas de redação teve uma densidade acima da média dos anos anteriores, com trechos longos, dados estatísticos e diversas vozes sociais — desde especialistas até personalidades populares, como artistas veteranas.

O tema sobre o envelhecimento exigiu a absorção de pontos de vista que dialogavam com a longevidade ativa e os distintos desafios enfrentados por idosos na atualidade. Já a valorização dos trabalhadores rurais pedia uma análise mais profunda de causas estruturais, como desigualdade social, falta de acesso à terra e invisibilidade midiática e política.

A prova voltada para o público do Pará, portanto, exigia que o candidato não apenas conhecesse o contexto rural brasileiro, mas que também conseguisse propor soluções viáveis — habilidade prevista na competência V da redação — considerando as esferas governamental, institucional e comunitária, o que demanda um grau elevado de criticidade.

Qual tema foi mais difícil?

A análise geral indica que, sob o ponto de vista da linguagem e da leitura, os dois temas foram igualmente exigentes. No entanto, sob o aspecto temático e de familiaridade com o conteúdo, o tema voltado à valorização dos trabalhadores rurais apresentou um desafio adicional para a maioria dos estudantes.

O repertório necessário para tratar com profundidade essa temática é menos exposto em ambientes urbanos, em comparação ao envelhecimento, que afeta direta ou indiretamente boa parte da população. Isso cria uma barreira quando o candidato precisa apresentar argumentos estruturados com base em referências socioculturais pertinentes.

Portanto, embora ambos envolvessem leitura crítica e domínio da estrutura dissertativa-argumentativa, a proposta aplicada no Pará pode ser considerada mais difícil por exigir maior repertório específico e interpretação mais sensível de um contexto social historicamente negligenciado. Já a do Enem regular se mostrou mais acessível — mas não simples — por tratar de um problema nacional mais discutido no ambiente escolar e midiático.

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