A Fuvest 2026 surpreendeu ao propor uma reflexão profunda e sensível: “O perdão é um ato que pode ser condicionado ou limitado?”. O exame abriu espaço para que os candidatos optassem entre dois gêneros textuais — dissertação ou carta — marcando uma mudança significativa em relação aos anos anteriores.
A proposta manteve o perfil tradicional da banca, que valoriza temas abstratos e que exigem argumentação crítica. A análise exigida vai além da simples opinião, pedindo interpretações fundamentadas nos textos da coletânea apresentada.
O que você vai ler neste artigo:
Um tema complexo e instigante
O tema escolhido pela Fuvest busca provocar o candidato a considerar diferentes nuances do perdão, suas implicações morais, sociais e individuais. A pergunta central não se limita a um julgamento pessoal, mas instiga uma investigação sobre a possibilidade de impor condições a esse ato tradicionalmente associado à generosidade ou à reconciliação.
Os textos da coletânea propõem abordagens diversas: o lirismo da poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, a leveza reflexiva presente na canção de Arlindo Cruz, e a complexidade moral explorada em narrativas como “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis, e “Tudo é rio”, de Carla Madeira. Um dos textos mais simbólicos foi o trecho jornalístico sobre o pedido de perdão feito por um ex-oficial nazista a um sobrevivente do Holocausto, associando-se a uma temática histórica e ética de alta densidade.
Alternativa de gêneros e a mudança no edital
Pela primeira vez, a prova de redação da Fuvest ofereceu ao candidato a possibilidade de escolher entre dois gêneros: a tradicional dissertação ou a produção de uma carta. Essa mudança acompanha uma tendência já adotada pela Unicamp e exige atenção redobrada ao perfil textual solicitado.
Na proposta alternativa, o candidato deveria escrever uma carta a um personagem hipotético responsável por uma falsa acusação, justificando a decisão de perdoá-lo ou não. Nesse modelo, esperava-se não apenas o domínio do gênero epistolar, mas também a capacidade de construção argumentativa, coerência textual e uso adequado dos elementos do contexto proposto.
Interpretação e critérios de avaliação
A banca avaliadora destacou que a proposta foi pensada para estimular uma reflexão ética e moral ancorada em experiências humanas concretas ou simbólicas. Na dissertação, o desafio foi desenvolver um texto com progressão temática, coesão, estrutura lógica e autoria consistente. Na carta, além dessas qualidades, era essencial respeitar as convenções do gênero escolhido.
Entre os critérios predominantes no edital da Fuvest, destacam-se:
- Compreensão da proposta e fidelidade ao tema central
- Adequação ao gênero escolhido
- Coerência argumentativa e progressão textual
- Uso adequado da norma padrão da língua
- Manifestação de autoria e originalidade
Ao contrário do ENEM, a Fuvest não obriga a apresentação de uma proposta de intervenção social, concentrando-se na complexidade analítica, reflexão crítica e elaboração individual sustentada pelos textos motivadores.
Diálogo com outras edições
O tema de 2026 dá continuidade a uma tradição da Fuvest em abordar questões humanas de forma filosófica e aberta. Anos anteriores seguiram essa linha: a relação entre solidariedade e laços sociais em 2025, os refugiados ambientais em 2023 ou o papel da ciência em 2020. O exame mantém a preferência por temas que exigem distanciamento emocional, mas articulação lógica e maturidade reflexiva.
A diferença notável está na abertura para múltiplos gêneros, que amplia as formas de expressão do candidato e adiciona uma nova camada de análise para a correção. Essa abordagem exige uma preparação mais diversificada e um olhar atento às práticas discursivas.
Impacto na classificação e importância da redação
A redação da segunda fase da Fuvest continua a ser um dos principais fatores de diferenciação entre os candidatos. Com valor de 50 pontos — metade da nota do primeiro dia —, a prova tem peso significativo na classificação final e pode ser decisiva especialmente em cursos com alta concorrência, como Medicina, Direito e Engenharia.
Dominar a escrita reflexiva, reconhecer o papel do gênero escolhido e saber dialogar com os textos motivadores torna-se essencial para alcançar uma pontuação elevada. A complexidade do tema de 2026 confirmou a exigência crescente por candidatos articulados, capazes de formular ideias com clareza, criticidade e sensibilidade ética.
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