A discussão sobre a adultização de crianças ganhou projeção nacional em 2025, após uma denúncia do influenciador Felca sobre a sexualização de menores nas redes sociais. A repercussão evidenciou a urgência do tema, mobilizando debates sobre os impactos sociais, psicológicos e legais da exposição precoce da infância.Apesar de atual, especialistas ponderam que o Enem tende a evitar temas recentes demais. Ainda assim, a relevância da pauta a torna proveitosa como repertório crítico sobre infância e direitos, o que justifica sua abordagem e análise.
O que você vai ler neste artigo:
Adultização infantil nas redes sociais: uma ameaça à infância
A adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais tornou-se um fenômeno preocupante, alimentado pelo consumo desenfreado de conteúdos digitais e pela exposição midiática. Em meio a esse cenário, a promulgação da Lei 15.211, que institui o ECA Digital, buscou conter a exploração indevida da imagem de menores no ambiente virtual. No entanto, a efetividade da legislação encontra resistência diante de questões estruturais, como a cultura machista e a influência de padrões estéticos nocivos.Em primeiro plano, a norma patriarcal presente nas relações sociais contribui para a objetificação da infância. Sob essa lógica, crianças, especialmente meninas, são transformadas em produtos de consumo visual, visando atrair engajamento e lucro. Exemplo disso foi o caso da adolescente Kamylinha, que teve sua imagem exposta em contextos impróprios por adultos responsáveis por sua gestão social, visando retorno financeiro. Esse tipo de exploração é sustentado por uma lógica que ignora a proteção integral prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e normaliza a erotização precoce.Além disso, observa-se a propagação de estéticas adultizadas por meio de programas, clipes e redes sociais, em que meninas são incentivadas a se portarem como jovens adultas, reforçando comportamentos incompatíveis com sua fase de desenvolvimento. O caso do reality show norte-americano "Dance Moms", por exemplo, escancarou como o entretenimento infantil muitas vezes é focado em imagens sensuais e competitividade estética, o que pode desencadear inseguranças e transtornos alimentares entre o público infantojuvenil.O consumo desse tipo de conteúdo impacta diretamente na formação da identidade infantil. Um estudo da Electronics Hub revelou que os brasileiros passam, em média, mais de nove horas por dia conectados ao celular — realidade que, entre jovens e crianças, intensifica o contato precoce com a pressão estética, a comparação corporal e a busca por validação digital. Ao invés de experimentarem a infância de forma lúdica e segura, essas crianças são lançadas em um universo que valoriza a aparência em detrimento do bem-estar emocional.O combate à adultização, no entanto, não depende exclusivamente da legislação. As redes sociais, quando deixadas sem controle, tornam-se espaços vulneráveis à exploração infantil. A atuação negligente de influenciadores, empresas e até mesmo de responsáveis legais demanda uma conscientização mais ampla sobre os impactos dessa conduta. Afinal, preservar a infância é também combater interesses econômicos que se ocultam sob a aparência do entretenimento.
Caminhos para a preservação da infância no ambiente digital
Garantir a proteção plena de crianças e adolescentes nas redes sociais requer ações coordenadas em diferentes esferas, com foco em educação, regulação midiática e conscientização familiar. Um dos primeiros passos se dá na própria produção de conteúdo, que deve passar por filtros éticos mais rigorosos ao tratar de menores de idade.Nesse sentido, veículos midiáticos e plataformas digitais precisam assumir responsabilidade editorial sobre o que é exibido e monetizado. Tomar como referência séries e produções que respeitam o ritmo e a estética infantil pode ser uma alternativa para conter o avanço desse fenômeno. Da mesma forma, campanhas publicitárias com foco educativo devem abordar os danos da adultização e suas consequências psicológicas e sociais.Outro ponto essencial é a atuação das instituições de ensino. Escolas podem ser aliadas na difusão de práticas protetivas, promovendo rodas de conversa e palestras com psicólogos, pedagogos e responsáveis legais. O protagonismo da escola pública e privada na difusão de valores como o respeito à infância fortalece a consciência crítica desde cedo, dificultando a reprodução de comportamentos prejudiciais.Adicionalmente, é preciso que o Estado intensifique os mecanismos de fiscalização e sanção a conteúdos que violem os princípios do ECA Digital. Ferramentas de inteligência artificial podem ser implementadas nas plataformas para mapear e retirar perfis ou vídeos que promovam a erotização infantil. A atuação do Ministério Público e da Defensoria da Infância também precisa ser ativa, com denúncias processadas de forma ágil e resolutiva.Por fim, cabe às famílias o papel de mediação no uso da internet. O diálogo aberto entre pais e filhos, bem como o estabelecimento de limites sobre o acesso às redes, é fundamental para mitigar os danos. A parentalidade ativa, nesse contexto, torna-se uma ferramenta poderosa contra a exposição precoce e indevida de crianças.Ao conectar legislação, cultura midiática, educação e responsabilidade parental, é possível criar um ambiente digital mais seguro e saudável para o desenvolvimento infantil. Enquanto isso, destaca-se a urgência de refletir sobre o tipo de infância que a sociedade brasileira deseja fomentar.
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