A Fuvest, responsável pelo vestibular da USP, testou em abril um novo formato de redação. Os alunos tiveram que produzir uma dissertação e uma crônica a partir de um eixo temático comum, envolvendo comunicação e emoção.
Essa mudança sinaliza o que deve ser cobrado nos próximos exames e permite que candidatos ajustem suas estratégias de preparação a partir do novo modelo proposto.
O que você vai ler neste artigo:
Dissertação: Emoções e a comunicação
O primeiro tema apresentado no simulado foi: “As emoções e sua interferência no processo de comunicação”. A proposta exigia que o candidato redigisse uma dissertação argumentativa, organizada em introdução, desenvolvimento e conclusão, com foco no impacto dos sentimentos no ato de comunicar.
O que considerar ao escrever
- Na introdução, espera-se que o candidato apresente uma tese clara sobre como as emoções afetam a comunicação interpessoal ou midiática.
- O repertório deve ser construído com base em argumentos bem fundamentados, referências socioculturais e análise de textos de apoio.
- No desenvolvimento, o ideal é alternar entre argumentos favoráveis à tese e possíveis contrapontos, mostrando domínio crítico do tema.
- Já na conclusão, recomenda-se recapitular os pontos apresentados e sugerir uma conclusão discursiva, que aponte caminhos ou reflexões.
Textos de apoio relevantes
Seis textos foram disponibilizados no simulado como ponto de partida para os candidatos. Entre eles:
- Trecho da filósofa e tradutora Marta Rébon sobre o impacto emocional da literatura;
- Citação de Martin Heidegger, discutindo a linguagem como essência do ser e não mero instrumento;
- Pinturas simbólicas como “O grito”, de Edvard Munch, e “Room in New York”, de Edward Hopper.
Esses materiais estimularam reflexões sobre a forma como a arte, a filosofia e o cotidiano influenciam nossa maneira de expressar e interpretar emoções.
Crônica: Episódio de comunicação emocional
O segundo tipo textual sugerido foi a crônica. Os participantes deveriam narrar um episódio de comunicação emotiva, podendo optar entre os dois principais subgêneros da crônica: a literária ou a argumentativa.
Diferenças entre os tipos
- A crônica literária trabalha com situações do cotidiano, explorando o ambiente, as emoções e personagens sem grandes elaborações narrativas.
- Já a crônica argumentativa parte de um pequeno episódio narrado ou observado para refletir criticamente sobre uma questão maior.
Nesse modelo, criatividade, domínio da linguagem e sensibilidade na construção do texto ganham maior relevância. Ainda assim, o respeito à estrutura típica da crônica e à clareza comunicativa permanece essencial.
Sugestões para desenvolver a crônica
- Escolher um episódio real ou fictício e colocá-lo em foco, sem precisar de reviravoltas ou clímax exagerados.
- Trabalhar com as emoções dos personagens, usando descrições breves, mas impactantes.
- Criar uma ambientação reconhecível pelo leitor, contribuindo para o envolvimento emocional com a situação narrada.
- Aproximar-se do leitor com uma linguagem simples, fluida e eventualmente poética.
Utilização estratégica dos textos de apoio
Um diferencial do novo modelo da Fuvest foi oferecer os mesmos textos de apoio para os dois tipos de proposta. Isso evidencia a valorização da leitura crítica e da capacidade de interligar diferentes gêneros a partir de um mesmo eixo temático.
Os estudantes puderam conectar imagens visuais à linguagem verbal, além de confrontar análises filosóficas com percepções narrativas do cotidiano. Essa prática exige:
- Interpretação apurada das imagens e dos trechos;
- Capacidade de adaptação de citações a contextos diversos;
- Organização textual coesa e integrada.
Como se preparar com base nesse modelo
A inserção de dois gêneros distintos e textos de apoio comuns demanda um exercício de versatilidade textual por parte dos candidatos. Veja sugestões práticas:
- Treinar dissertações e crônicas com base nos mesmos textos para estimular múltiplas abordagens;
- Praticar leitura crítica de obras visuais e literárias com forte apelo emocional;
- Fazer exercícios de síntese e reescrita com diferentes gêneros textuais sobre o mesmo tema;
- Estudar os elementos estruturais e linguísticos da crônica e da dissertação.
Esse novo formato evidencia a busca da Fuvest por candidatos com domínio técnico e reflexivo da comunicação escrita, além de sensibilidade para temas contemporâneos ligados às emoções humanas.
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