A saúde mental tem ganhado destaque como tema recorrente em redações de vestibulares e exames como o Enem. Além do impacto da pandemia da Covid-19, fatores como pressão social, medicalização e uso excessivo das redes sociais têm estimulado reflexões.
As propostas exigem do candidato não só repertório sociocultural, mas também a habilidade de analisar criticamente práticas sociais, discursos midiáticos e políticas públicas voltadas ao bem-estar emocional das populações.
O que você vai ler neste artigo:
Medicalização da vida
A Unesp propôs em 2025 o tema “Medicalização da vida: a quem interessa?”. A banca exigiu um texto dissertativo-argumentativo a partir de materiais motivadores como charges e reflexões sobre a normatização do comportamento humano e o papel da indústria farmacêutica. O ponto central da discussão é a redução de questões existenciais e sociais a diagnósticos e fórmulas químicas.
Esse tema convida o candidato a debater quem se beneficia da medicalização excessiva: a indústria, os sistemas públicos ou os indivíduos. Também permite considerar alternativas como acompanhamentos psicossociais, educação emocional e políticas públicas voltadas à prevenção e acolhimento.
Saúde mental e psicólogos nas escolas
No vestibular da Uece em 2024, o candidato pôde escolher entre uma carta de solicitação e um texto narrativo, ambos com a temática central da importância da presença de psicólogos nas escolas. A proposta envolvia diálogo com programas reais, como o “Adote um Estudante” e dados sobre saúde mental da comunidade escolar.
O tema permite ampliar a noção de educação para além do pedagógico, incorporando aspectos emocionais no processo de aprendizagem. Também abre espaço para debater a Lei 13.935/2019, que prevê a presença de psicólogos na rede pública de ensino, mas ainda enfrenta desafios de implementação em vários estados.
Uso excessivo das redes sociais
A UEM, em 2024, trouxe a relação entre saúde mental e o uso excessivo de plataformas digitais. A pergunta norteadora foi: “Qual é a relação entre uso excessivo das redes sociais e saúde mental?”, direcionando o candidato a escrever um texto argumentativo acadêmico com base em reportagens especializadas.
Mais do que discutir vício em telas, esse tema envolve refletir sobre como a idealização de vidas felizes nas redes pode agravar quadros de ansiedade, solidão e baixa autoestima. Outras abordagens possíveis incluem o consumo informacional fragmentado e as mudanças na comunicação interpessoal.
Sociedade doente?
O vestibular da UERR, em 2024, indagou se estamos caminhando para uma sociedade mais doente. Os textos motivadores abordavam o uso recreativo de medicamentos como o zolpidem entre jovens, além de alertarem para questões como dependência química e banalização de riscos mentais.
Tal proposta exige do candidato refletir sobre os determinantes sociais da saúde mental, incluindo desigualdades econômicas, cultura do desempenho, autocobrança e ausência de suporte público. É um tema que favorece argumentações ancoradas na psicologia social, sociologia e ética contemporânea.
Anomia e pós-pandemia
A UFJF, em 2024, solicitou um texto explicativo relacionando a intensificação das crises de saúde mental no pós-pandemia com o conceito sociológico de anomia, de Émile Durkheim. O conceito define a ausência ou ruptura de normas sociais como catalisadora de estados de desorganização e sofrimento.
É uma proposta que valoriza o candidato com bom repertório teórico. O uso da teoria durkheimiana ajuda a compreender efeitos da pandemia na vida coletiva, como o aumento da ansiedade, desânimo com o futuro e perda de referenciais. A associação entre sociologia e saúde mental é pouco explorada, o que torna esse tema desafiador.
Saúde mental no ambiente de trabalho
O Encceja de 2023 propôs um tema focado no ambiente profissional: “Ações para cuidar da saúde mental do trabalhador”. Ainda que os textos motivadores não tenham sido divulgados oficialmente, sabe-se que a estrutura exigia um dissertativo-argumentativo.
Assuntos como burnout, hiperprodutividade, teletrabalho e ausência de políticas de apoio emocional podem ser explorados nesse contexto. É importante destacar o papel das empresas, sindicatos e legislação para garantir o respeito à integridade física e psicológica dos profissionais.
Felicidade compulsória
Com o tema “A tristeza em tempos de felicidade compulsória”, a Unesp, em 2022, incentivou um olhar crítico sobre a obrigação social de estar bem o tempo todo. A prova contou com textos de apoio variados, como a letra da canção “Samba da Benção”, uma tirinha de humor e um trecho de entrevista com Pascal Bruckner.
Este tema promove discussões sobre a cultura da positividade tóxica, midiaticamente alimentada por influencers, fórmulas de autoajuda e modelos de sucesso. Além disso, questiona a repressão emocional e o estigma social da tristeza como algo patológico.
Saúde mental na pandemia
A Unichristus, também em 2022, apontou a pandemia como ponto de inflexão na percepção da saúde emocional no Brasil. Os candidatos precisaram refletir sobre como o contexto sanitário e o isolamento social afetaram o bem-estar mental da população.
Essa temática pode abrir espaço para narrativas pessoais, relatos de superação e propostas de valorização das redes de apoio, saúde pública, programas de acolhimento e campanhas de conscientização. É possível ainda discutir como a pandemia escancarou desigualdades no acesso a cuidados psicológicos.
Pressão por desempenho e sofrimento jovem
Embora não conste como tema específico de uma prova, muitos exames abordam indiretamente a cobrança por produtividade, sucesso acadêmico e ascensão social. Essa pressão pode estar relacionada ao sofrimento mental de adolescentes e jovens.
Propostas assim convidam a pensar o papel das escolas, famílias, redes sociais e plataformas digitais na manutenção de uma lógica que pode favorecer o adoecimento emocional. Aspectos como competitividade, ansiedade antecipatória e comparação excessiva tornam esse campo cada vez mais relevante.
Esses temas devem ser estudados com atenção por quem deseja se destacar nas redações. A saúde mental não é apenas uma pauta urgente, mas também um reflexo direto das transformações sociais, tecnológicas e econômicas contemporâneas.
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