A preparação para a redação da Fuvest exige atenção às tendências sociais, políticas e tecnológicas da atualidade. Além da prática de escrita, é fundamental estar por dentro dos principais debates contemporâneos.
Em 2026, a Fuvest inovou ao permitir textos de gêneros variados, mas manteve características tradicionais: uso de coletânea de textos e temas com apelo ético, social e cultural. Veja, abaixo, seis apostas com grande potencial de aparecer na redação da próxima edição.
O que você vai ler neste artigo:
Big Techs e democracia: o poder invisível das plataformas
Com a influência crescente de plataformas como Meta, Google e X, o debate sobre o impacto das big techs nas democracias se intensificou. Essas empresas concentram dados, moldam fluxos de informação e afetam direta ou indiretamente a opinião pública, podendo alterar percepções políticas e sociais.
A atuação de Elon Musk à frente do X reacendeu discussões sobre liberdade de expressão e limites legais. No Brasil, o próprio STF interviu em situações de descumprimento judicial por parte da plataforma. A concentração desse poder digital suscita questões fundamentais: quem regula os algoritmos? O quanto a cidadania digital está sujeita aos interesses corporativos?
É um exemplo pertinente de como o funcionamento da sociedade contemporânea se conecta com estruturas invisíveis, mas decisivas. Isso torna o tema não só atual, mas central para reflexões propostas em vestibulares como a Fuvest.
O ódio como estratégia de mídia
A consolidação do conceito de rage bait — termo eleito pela Universidade de Oxford como palavra do ano de 2025 — evidencia uma tendência perigosa: o uso calculado de conteúdos que geram indignação para atrair audiência e engajamento nas redes.
Esse fenômeno extrapola o campo das redes sociais. Ele afeta o debate público, polariza opiniões e transforma o discurso político e social em espetáculo emocional. O incentivo deliberado ao ódio prejudica o convívio democrático e perpetua um clima de hostilidade.
A Fuvest pode explorar esse panorama não apenas como comportamento virtual, mas como fenômeno social amplo, com consequências no mundo offline. O desafio do candidato será refletir sobre os limites da liberdade de expressão frente à responsabilidade ética e social da comunicação digital.
Nacionalismo contemporâneo e xenofobia
Crescem no mundo discursos ultranacionalistas e ações baseadas em retórica anti-imigração. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025 reacendeu políticas antimigratórias, associando novamente patriotismo ao fechamento de fronteiras.
No Brasil, ainda que o contexto seja diferente, há episódios de rejeição a venezuelanos em cidades de fronteira, como Pacaraima (RR), revelando como o medo do “outro” pode provocar hostilidade mesmo dentro de um país multicultural.
O nacionalismo, quando deturpado, dá espaço à xenofobia e compromete valores universais de solidariedade e dignidade humana. Uma proposta de temática que relacione políticas atuais à construção de identidades nacionais pode encaixar-se perfeitamente na lógica da Fuvest.
Inteligência Artificial versus criatividade humana
O uso de ferramentas como ChatGPT, MidJourney e outras inteligências artificiais generativas trouxe debates relevantes sobre autoria, originalidade e o papel do ser humano na produção de conhecimento e arte.
Ainda que essas IAs agilizem tarefas e democratizem o acesso à informação, também geram dilemas sobre o risco de banalização do conhecimento, perda de empregos e uniformização cultural. Na educação, por exemplo, muitos questionam se o uso dessas ferramentas compromete o desenvolvimento crítico dos estudantes.
A Fuvest poderá propor — como já insinuou na edição de 2024 — uma reflexão sobre a relação entre pensamento reflexivo e automação, levando o candidato a ponderar sobre as fronteiras ético-cognitivas da inteligência artificial.
Futuro do trabalho e as transformações geracionais
Mobilidade, propósito e equilíbrio emocional são valores que orientam grande parte da geração Z no mercado de trabalho. Esses jovens profissionais não priorizam necessariamente a ascensão hierárquica, mas buscam reconhecimento, flexibilidade e alinhamento com causas sociais.
Além disso, fenômenos como a pejotização, a informalidade disfarçada e a automatização reconfiguram o modo de produção e os direitos trabalhistas. A discussão ultrapassa o plano econômico e atinge a percepção de identidade e pertencimento.
Propor uma reflexão sobre essas transformações seria coerente com a tradição da Fuvest, que valoriza a análise de fenômenos sociais de impacto coletivo a partir de experiências individuais.
Consumo, identidade e algoritmos
A personalização algorítmica vem moldando o comportamento de consumo e até a construção da subjetividade. Tendências como a estética Bobbie Goods ou personagens virais como Labubu tornaram-se itens de desejo em 2025 — nem sempre pela utilidade, mas pela performance social que promovem.
Apesar do crescimento dos discursos minimalistas e sustentáveis, o consumismo influenciado por marketing emocional e redes sociais segue forte. Ao transformar gostos, hábitos e até afetos em mercadoria, o consumo passa a servir como linguagem identitária.
A Fuvest pode explorar essa dinâmica dentro de uma proposta que convide o aluno a refletir sobre os limites entre ter e ser, entre pertencer e consumir — conectando valores éticos e práticas cotidianas, como já fez em temas passados.
A pluralidade de temas potenciais revela o foco da Fuvest em incentivar a reflexão crítica, fundamentada em repertório sociocultural e sensibilidade aos fenômenos contemporâneos. Independentemente do gênero textual exigido, dominar essas questões é um diferencial decisivo para o bom desempenho na prova.
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