O que é bullying e como enfrentá-lo nas escolas

Bullying é uma das formas mais frequentes de violência simbólica e física presentes no ambiente escolar, afetando diretamente o desenvolvimento emocional, social e educacional de milhões de jovens. Apesar de pareça naturalizado em certos contextos, ele representa um grave problema coletivo que precisa ser enfrentado com seriedade.

Em tempos de maior conscientização sobre saúde mental, justiça social e educação inclusiva, o combate às práticas de intimidação sistemática nas escolas tornou-se também uma pauta pedagógica. Entender o que é o bullying e como enfrentá-lo é essencial para garantir um ambiente escolar seguro e acolhedor a todos.

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O que é bullying e como reconhecê-lo?

O bullying é caracterizado por ações repetitivas de agressã física, verbal, emocional ou virtual, cometidas por um ou mais indivíduos contra alguém que geralmente se encontra em posição de vulnerabilidade. O termo, vindo da palavra inglesa bully(valentão), destaca a ideia de perseguição contínua com a intenção de humilhar, intimidar ou excluir.

Segundo a Lei 13.185/2015, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática no Brasil, o bullying ocorre quando há intencionalidade e repetição de comportamentos abusivos, como:

  • Agressões físicas, como empurrões, socos, beliscões e outros.
  • Ofensas verbais, como xingamentos, apelidos ofensivos e humilhações públicas.
  • Exclusão social, ignorar, isolar ou impedir a vítima de participar de atividades do grupo.
  • Ameaças físicas ou psicológicas.
  • Condições vexatórias divulgadas online, caracterizando o cyberbullying.

Além disso, uma parcela da comunidade escolar pode ser considerada “espectadora cúmplice”, quando a violência é assistida ou comentada sem intervenção, reforçando sua permanência.

As raízes do bullying no contexto escolar

O ambiente escolar funciona como um reflexo da sociedade: conflitos sociais, desigualdades, preconceitos e a cultura da competitividade estão presentes entre os estudantes. É nesse microcosmo que o bullying encontra espaço, geralmente contra aqueles que não se encaixam nos padrões ditados como “normais”.

Entre os alvos comuns estão:

  • Jovens com deficiências físicas ou mentais;
  • Estudantes LGBTQIAP+;
  • Crianças com sobrepeso ou com aparência fora dos padrões estéticos;
  • Alunos estrangeiros ou de outras etnias;
  • Estudantes com desempenho escolar acima ou abaixo da média.

Esses padrões de exclusão são reforçados pela ausência de empatia, pela falta de diálogo em casa e na escola, e por ambientes que negligenciam o acolhimento emocional de todos os alunos.

Quais são os impactos do bullying?

O bullying ultrapassa o desconforto momentâneo: ele compromete a autoestima, a saúde mental e interfere diretamente na capacidade de aprendizagem e socialização. As vítimas podem apresentar:

  • Queda no rendimento escolar;
  • Isolamento e medo de ir à escola;
  • Depressão, ansiedade e transtornos alimentares;
  • Automutilação e, em casos mais graves, tentativas de suicídio.

Essas consequências nem sempre são fáceis de identificar, o que reforça a importância da observação contínua por parte da família, professores e demais profissionais da educação.

Como identificar que um aluno está sofrendo bullying?

Sinais frequentes que indicam que um jovem possa estar sendo vítima de bullying incluem:

  • Mudanças repentinas de comportamento;
  • Recusa frequente em ir à escola;
  • Distúrbios do sono e do apetite;
  • Baixo rendimento escolar;
  • Marcas no corpo ou roupas danificadas sem explicações consistentes;
  • Isolamento ou dificuldade de fazer amigos.

Ao notar esses sinais, é fundamental uma escuta ativa e sem julgamento, permitindo que o estudante se sinta seguro para falar sobre o que está vivendo.

Estratégias para combater o bullying nas escolas

A resposta ao bullying precisa ser integrada, contínua e humanizada, envolvendo todos os atores da comunidade escolar: alunos, pais, professores e gestores. Entre as principais medidas de combate estão:

  • Conscientização por meio de campanhas educativas;
  • Implementação de rodas de conversa e práticas restaurativas;
  • Capacitação dos professores para identificar e intervir nos casos;
  • Estímulo à cultura da empatia e do respeito às diferenças;
  • Acompanhamento psicológico das vítimas e também dos agressores;
  • Integração com a família para que o enfrentamento continue fora da escola.

O diálogo deve substituir a punição isolada, apostando na formação de indivíduos mais conscientes, e em ambientes de convivência baseados na paz e no acolhimento.

O papel da escola como promotora da inclusão

O bullying tende a desaparecer quando há espaço para todos se expressarem com liberdade e dignidade. Para isso, a escola deve ser agente ativa na construção do respeito às diferenças e da equidade. Estratégias bem-sucedidas envolvem:

  • Criação de comissões de mediação de conflitos;
  • Oficinas de diversidade e cidadania;
  • Práticas colaborativas ao invés de competitivas;
  • Projetos interdisciplinares que envolvam temas como empatia, identidade e convivência.

Ao promover um currículo que valorize a pluralidade e incentive o aluno a refletir sobre suas atitudes, a escola se posiciona como um verdadeiro espaço de transformação social.

A importância da legislação no enfrentamento do bullying

A promulgação da Lei 13.185/2015 representou um grande avanço no enfrentamento do bullying no país. A legislação determina que tanto a escola quanto os órgãos competentes promovam ações preventivas, educativas e punitivas de forma equilibrada.

Entre os pontos principais da lei, destacam-se:

  • Fortalecimento de campanhas de prevenção;
  • Apoio psicológico e orientação psicológica às vítimas e aos agressores;
  • Capacitação de professores e funcionários;
  • Estímulo ao envolvimento das famílias na solução do problema.

A lei ainda reconhece como bullying atos de assédio moral sistemático que ocorrem virtualmente — o cyberbullying —, ampliando a atenção para um problema que ultrapassa os muros da escola.

Dessa forma, enfrentar o bullying nas escolas é um passo essencial para garantirmos ambientes educativos saudáveis, democráticos e acolhedores. Alunos preparados academicamente são também indivíduos emocionalmente fortalecidos, e isso só é possível em espaços onde o respeito é regra, e não exceção.

Portanto, a construção de uma cultura anti-bullying exige vigilância, escuta ativa e, sobretudo, empatia. Mais do que combater o agressor, é preciso transformar o contexto que o formou. Quando a escola prioriza o diálogo, abraça a diversidade e trabalha junto com a família, ela se torna um agente potente na promoção de uma geração mais consciente e mais humana.

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