A disciplina de Sociologia desempenha um papel essencial no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), exigindo do candidato a capacidade de interpretar o mundo social a partir de conceitos fundamentais. Apesar de, por vezes, parecer uma matéria distante, ela se conecta diretamente ao cotidiano e aos debates públicos.
Entre os temas mais recorrentes nas últimas edições do exame, alguns se destacam por abordarem diretamente questões atuais da sociedade brasileira e mundial. Veja a seguir quais são os cinco tópicos mais frequentes.
O que você vai ler neste artigo:
Direito, cidadania e movimentos sociais
Com o maior número de incidências na prova, esse tema ocupa cerca de 20,6% das questões de Sociologia do Enem desde 2009. Ele gira em torno da importância da participação ativa da população em espaços democráticos, da defesa dos direitos humanos e do papel dos movimentos sociais na construção de uma sociedade mais igualitária.
Questões sobre a Constituição de 1988, igualdade de direitos e cidadania aparecem com frequência. Também são comuns perguntas envolvendo grupos sociais historicamente marginalizados — como povos indígenas, comunidades quilombolas, população LGBTQIA+, mulheres e movimentos negros — e seus processos de mobilização.
Nesse campo temático, também se destacam as discussões sobre a função social da cidadania e suas transformações a partir do engajamento popular, o que muitas vezes exige articulação entre Sociologia, História e Atualidades.
Cultura e sociedade
Com cerca de 10,5% das questões desde 2009, esse tema trata dos valores, símbolos e práticas que moldam a vida social. O Enem exige que o candidato compreenda como as diferentes manifestações culturais afetam a construção da identidade, reforçam desigualdades ou ainda atuam como formas de resistência.
Entre os assuntos mais frequentes estão a cultura de massa, o papel das mídias sociais, os efeitos da globalização cultural e os embates entre culturas tradicionais e a modernidade. As questões exigem que o aluno reflita sobre como os meios de comunicação, os hábitos de consumo ou os eventos históricos moldam visões de mundo e práticas cotidianas.
Além disso, temas como indústria cultural, etnocentrismo e diversidade cultural costumam aparecer contextualizados com exemplos atuais e de modo interdisciplinar, conectando Sociologia à Filosofia ou à Geografia.
Identidade e diversidade
Também com aproximadamente 10% das questões no histórico do Enem, esse eixo explora as formas pelas quais os indivíduos constroem sua identidade social a partir de elementos como etnia, gênero, sexualidade, religião e classe. A prova costuma abordar temas como preconceito, discriminação, inclusão social e políticas afirmativas.
As perguntas muitas vezes desafiam o aluno a interpretar como esses aspectos estão representados na sociedade brasileira, exigindo familiaridade com conceitos como alteridade, multiculturalismo, interseccionalidade e identidade coletiva.
Exemplos comuns incluem a aplicação de ações afirmativas, debates sobre cotas raciais e de gênero, e a inserção de minorias em ambientes educacionais ou no mercado de trabalho. Questões como essas promovem reflexão crítica sobre a igualdade de oportunidades e os desafios socioculturais contemporâneos.
Política e Estado
Esse tema explora os fundamentos da organização política da sociedade. Representando cerca de 10% das questões, ele pede a compreensão sobre formas de governo, funcionamento das instituições políticas e o papel cidadania nas democracias contemporâneas.
As questões podem exigir o conhecimento de teorias de pensadores políticos clássicos, como Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Max Weber, aplicando essas ideias a contextos como o Estado democrático, o autoritarismo, a separação de poderes ou o papel da lei.
Além disso, a prova frequentemente elabora questões sobre o funcionamento do Estado no Brasil, destacando sua estrutura federativa, participação popular nas eleições, partidos políticos e direitos civis. Nesse contexto, o exame exige muita atenção ao conteúdo conceitual aliado à interpretação de textos e de situações políticas.
Trabalho e sociedade
Fechando o ranking com 8,7% das questões, esse tema aborda as transformações nas relações de trabalho ao longo da história, especialmente em contextos de industrialização, globalização e avanço tecnológico. A prova frequentemente discute temas como desemprego, precarização, economia informal, desigualdades laborais e sindicalismo.
Conceitos de pensadores como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber aparecem para interpretar as mudanças sociais causadas pelo desenvolvimento das forças produtivas e a alienação no trabalho. Em muitos casos, essas ideias são aplicadas a contextos contemporâneos, como a gig economy (economia dos aplicativos), o trabalho remoto e a flexibilização de direitos trabalhistas.
Além disso, a presença de temas como a terceirização, impactos da automação e as condições de trabalho nas periferias urbanas fazem com que essa área dialogue com Geografia e Atualidades, exigindo leitura crítica de gráficos, fotografias e textos jornalísticos.
Esses cinco temas representam os pilares mais abordados pela Sociologia no Enem e exigem preparo contínuo com foco não apenas em teorias, mas principalmente na capacidade de aplicar conceitos à realidade brasileira. Ao estudar esses eixos temáticos com atenção às atualizações do cenário social, o estudante amplia suas chances de um bom desempenho no exame.
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