No início de novembro de 2024, Maria Ivone dos Santos, uma dedicada professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual de Tempo Integral Águas Termais de Cipó, na Bahia, foi surpreendida por uma notícia inusitada: ela havia antecipado o tema da redação do Enem 2024. Isso foi fruto de um projeto educacional antirracista implementado ao longo do ano, cujo objetivo principal era promover a valorização da herança africana no Brasil.
O que você vai ler neste artigo:
O projeto que mudou a percepção dos alunos
O projeto, que iniciou em fevereiro, foi uma resposta de Maria Ivone à percepção de que a maioria de seus alunos, embora negros, não se reconheciam como tal ou conheciam sua origem. A iniciativa consistiu em diversas atividades ao longo do ano letivo, com um enfoque em protagonizar a cultura afro-brasileira e romper estigmas. O processo incluía autodeclaração racial, leituras de autores negros, sessões de cinema, desfiles afrofuturistas e palestras com líderes quilombolas.
Essas ações visavam sensibilizar os estudantes sobre a importância de sua identidade racial e a riqueza cultural de seus ancestrais. O fato de o tema da redação do Enem 2024 alinhar-se tão de perto com as discussões levantadas pelo projeto demonstrou a eficácia desse tipo de abordagem educacional, que prepara os alunos não apenas para exames, mas para uma compreensão mais profunda de sua própria identidade e história.
A reação ao tema da redação
Assim que o tema do exame foi anunciado, os alunos de Maria Ivone estavam mais do que preparados. Eles conseguiram expressar suas ideias com confiança e profundidade, fruto de um ano de intenso aprendizado e imersão no tema. A professora relembra o momento com emoção: “A diversidade de pensamentos e referências ao longo do ano criou uma sólida base de conhecimento para eles, algo que transcendeu o ambiente de sala de aula e encontrou eco no exame nacional.”
A repercussão do acerto foi ampla. Maria Ivone e seus alunos receberam elogios e gratificações nas redes sociais, resultando em um vídeo que viralizou mostrando a alegria e o reconhecimento da importância do projeto.
Um modelo a ser seguido
A experiência de Maria Ivone ressalta a necessidade de se colocar em prática a Lei 10.639 de 2003, que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. A professora acredita que este tipo de projeto educativo poderia beneficiar estudantes em todo o Brasil, aumentando a consciência racial e social, e preparando-os de forma mais completa para desafios como o Enem.
A combinação dos esforços pessoais de uma educadora dedicada com a temática do exame nacional gerou um impacto positivo que vai além das fronteiras da pequena cidade de Cipó. A história de Maria Ivone reflete a importância de iniciativas que promovam a igualdade racial nas escolas e incentivem jovens estudantes a explorarem e valorizarem suas origens culturais, reforçando assim um futuro mais justo e inclusivo para todos.
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