A repercussão do vídeo “Adultização”, publicado pelo influenciador Felca, trouxe à tona um debate sensível e urgente: a exploração infantil por meio das redes sociais. A denúncia viralizou, provocou reações em cadeia, prisões e acelerou discussões legislativas no Congresso.
Diante da relevância do tema e das transformações desencadeadas, crescem as expectativas de que questões ligadas à infância digital e à regulação das plataformas ganhem espaço na prova do Enem, sobretudo na redação.
O que você vai ler neste artigo:
O que motivou o debate sobre “adultização” na internet
Em agosto, Felca divulgou um vídeo que evidenciava como algoritmos de plataformas populares, como TikTok e YouTube, estariam promovendo conteúdos inadequados com crianças e adolescentes — fenômeno apelidado por ele de “algoritmo P”. A maior gravidade da denúncia envolve a exposição sexualizada desses menores, fator que configura a chamada adultização precoce.
Esse conteúdo, ao ultrapassar marca de dezenas de milhões de visualizações, despertou uma resposta imediata: artistas, políticos e ativistas se mobilizaram em torno do tema. O caso ganhou amplitude nacional, resultando, inclusive, na prisão do influenciador Hytalo Santos, citado no vídeo.
Além disso, provocou um movimento para acelerar a análise do Projeto de Lei 2628/2022 — conhecido como ECA Digital — que visa oferecer mais proteção às crianças no ambiente virtual.
O que prevê o PL 2628/2022, o ECA Digital
O Projeto de Lei 2628/22 propõe uma atualização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para o cenário digital. A proposta foi aprovada com modificações pela Câmara dos Deputados e seguiu para análise no Senado. O objetivo principal é ampliar a proteção dos menores nas redes.
O texto prevê uma série de medidas que devem ser adotadas por empresas de tecnologia, incluindo:
- Controle parental mais eficazpor padrão nas plataformas;
- Retirada rápida de conteúdo nocivoenvolvendo menores;
- Impedimento de uso indevido de dados de crianças e adolescentes;
- Relatórios de transparência de moderação de conteúdo;
- Obrigatoriedade de retenção de provasde crimes digitais contra menores;
- Criação de uma agência reguladorae punições severas para o descumprimento da lei.
Caso aprovado em definitivo e sancionado, o projeto entrará em vigor um ano após a publicação no Diário Oficial.
Possibilidade do tema cair no Enem
A presença desse tema no Enem é plausível, segundo especialistas, dado seu vínculo com direitos fundamentais da criança, uso da mídia digital e impacto social. Embora o vídeo de Felca seja recente, o debate sobre a sexualização precoce e a exposição de menores na internet é anterior e já vinha sendo acompanhado por educadores, juristas e organizações da sociedade civil.
Além disso, o Enem já tratou em edições anteriores da influência das tecnologias na vida dos jovens e da responsabilidade social das empresas. Portanto, temas como proteção infantil no ambiente digital, papel das Big Techs e regulação de conteúdo sensível são possibilidades concretas para a prova.
Formas de abordagem do tema na redação do Enem
Caso o Enem traga a questão da “adultização”, os participantes podem esperar uma abordagem mais ampla sobre:
- Proteção da infância e vulnerabilidade digital;
- Implicações do consumo midiáticona formação da identidade infantil;
- Consequências psicológicas e sociais da exposição precoce a padrões adultos;
- Importância da educação familiar e escolarno uso consciente das redes;
- Ação do Estado como regulador dos direitos infantis no ambiente virtual.
O tema pode ser proposto sob diversos recortes, como:
- “Desafios para garantir os direitos das crianças e adolescentes na era digital”;
- “Os perigos da adultização precoce na sociedade contemporânea”;
- “Caminhos para regular plataformas digitais no combate à exploração infantil”.
Como citar o caso Felca de forma estratégica
Por ser um evento de grande repercussão e bem documentado, o caso Felca pode funcionar como repertório sociocultural contemporâneo — desde que usado com critério e dentro do tema proposto. Em uma redação, mencioná-lo de forma superficial, ou sem conexão com o assunto central, pode ser prejudicial.
Para utilizá-lo com eficácia, o ideal é ancorar a menção em conceitos sólidos, como:
- Normas do Estatuto da Criança e do Adolescente;
- Princípios dos Direitos Humanos e Direitos da Criança, conforme tratados internacionais;
- Estudo de fenômenos como a lógica algorítmica de recomendação de conteúdos;
- Abordagens de teóricos da comunicação ou da psicologiasobre infância e redes sociais.
Dessa forma, Felca entra como um exemplo contextualizado, fortalecendo a argumentação ao lado de repertórios acadêmicos e normativos.
Fundamentos para aprofundar no tema
Estudantes que desejam se preparar melhor para possíveis abordagens desse tema podem adotar algumas estratégias práticas:
- Ler o ECA atualizado (Estatuto da Criança e do Adolescente);
- Acompanhar investigações jornalísticas sobre exposição infantil em redes sociais;
- Estudar o conceito de adultização infantil, presente em dissertações e pesquisas acadêmicas;
- Buscar dados atualizados nos relatórios do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF);
- Entender como a recomendação algorítmicaguia o consumo e pode gerar conteúdos prejudiciais.
Além disso, é válido refletir sobre como políticas públicas, regulação digital e responsabilização das empresas podem contribuir para soluções mais eficazes.
Por que esse conteúdo é relevante socialmente
A importância do tema vai além do caso citado. A disseminação de conteúdos que expõem ou exploram crianças digitalmente revela omissões estruturais: da falta de regulação eficiente ao baixo engajamento de parte das famílias sobre o uso seguro da internet. Tais lacunas sugerem o risco de violação de direitos em um dos setores mais vulneráveis da sociedade.
Num cenário em que crianças se tornam alvo da lógica mercadológica das big techs ou da audiência digital, discutir limites e responsabilidades se torna urgente.
Esse contexto, aliado ao interesse crescente dos jovens no impacto social das redes, torna o tema altamente atual. O Enem — atento a esses debates — pode transformar essa conversa em eixo central de uma questão ou proposta de redação.
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