A disciplina de História tem papel essencial no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conectando o passado às questões sociais, culturais e políticas da atualidade. Mais do que decorar datas, o candidato precisa interpretar fontes e analisar contextos.
Entre 2009 e 2024, levantamento da SAS Educação com 502 questões evidenciou cinco temas recorrentes, cobrindo mais de 28% da prova. Eles envolvem períodos marcantes da história brasileira e abordagens críticas da construção do passado.
O que você vai ler neste artigo:
Brasil colonial
Esse é o tema mais frequente, com quase 9% das perguntas. O Enem explora desde a chegada dos portugueses, passando pelo sistema colonial, até o uso da mão de obra escravizada – indígena e africana. O foco está na lógica do pacto colonial, no ciclo do açúcar e em revoltas como as nativistas.
As questões costumam trazer fontes primárias: cartas de navegadores, mapas antigos e decretos régios. O objetivo é avaliar a capacidade de interpretação do aluno e sua compreensão sobre conceitos como mercantilismo, economia agroexportadora e resistência escrava. Em uma das edições, por exemplo, o exame apresentou trecho de uma carta jesuítica e cobrava a análise do sentido da catequese no projeto colonial português.
Primeira República
A chamada República Velha aparece em segundo lugar, com cerca de 6,18% das questões. Nesse tema, a prova aborda principalmente o coronelismo, a política do café com leite, a estrutura oligárquica e os desafios da modernização urbana e industrial. Também são recorrentes os conflitos sociais da época, como Canudos, o Contestado e a Revolta da Vacina.
A contextualização dessas questões leva em conta o início do século XX e a dominação da elite cafeeira. Diagramas, caricaturas e reportagens antigas ajudam a discutir o controle político pelas oligarquias e as primeiras formas de contestação social e política nas cidades e no campo.
Era Vargas
Com 5,18% da prova histórica, a Era Vargas aparece em várias frentes: da Revolução de 1930 ao término do Estado Novo, passando pela construção do Estado centralizado e seus reflexos. Elementos como populismo, industrialização e leis trabalhistas compõem a abordagem.
O exame pode apresentar propagandas da época, discursos políticos e leis trabalhistas, cobrando análise das estratégias discursivas e visuais usadas por Vargas para projetar sua imagem de líder nacional. A política de aproximação com os trabalhadores e a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial também são assuntos recorrentes.
História pública
Ainda pouco conhecido entre os alunos, esse tema analisa a presença da História nos debates e espaços sociais, representando 4,38% das questões. O Enem utiliza-o para discutir como diferentes grupos interpretam e representam o passado por meio de monumentos, memoriais, museus, feriados ou disputas simbólicas.
A prova pode apresentar o debate sobre remoções de estátuas ligadas à escravidão, memória da ditadura e políticas de reparação histórica. É uma forma de cobrar a interpretação do passado em tempos presentes, sempre ligada à noção de identidade, pertencimento e disputa por narrativas históricas.
Ditadura civil-militar
Com 4,18% das ocorrências, a ditadura que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 segue como um dos tópicos mais sensíveis e relevantes. O exame costuma abordar temas como censura, repressão política, exílio, resistência cultural ou processo de redemocratização.
Documentos, charges, letras de músicas e manifestos são utilizados para que o candidato analise o contexto autoritário do período. Questões sobre o AI-5 e sua repercussão institucional já apareceram com frequência, assim como o papel da música popular brasileira na crítica velada à repressão vigente.
Tópicos e frequência de cobrança
A tabela a seguir resume a presença dos cinco temas mais comuns nas edições do Enem:
Tema | Número de questões | Porcentagem sobre o total (2009–2024) |
Brasil Colonial | 45 | 8,96% |
Primeira República | 31 | 6,18% |
Era Vargas | 26 | 5,18% |
História Pública | 22 | 4,38% |
Ditadura Civil-Militar | 21 | 4,18% |
A análise dessas questões ao longo dos anos revela que o Enem não busca decorebas, mas sim um entendimento crítico e interpretativo da História, valorizando fontes documentais e conexões com o presente. Estudar esses temas com atenção às discussões sociais, políticas e simbólicas é um caminho seguro para quem deseja se destacar na prova.
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