Uma das questões da prova de Matemática do Enem 2025 gerou polêmica e dividiu até mesmo os principais cursinhos do país. A dúvida surgiu a partir da interpretação do enunciado envolvendo logaritmos e uma função quadrática utilizada para calcular a pressão máxima em uma situação hipotética.A ambiguidade na redação da questão causou diferentes interpretações quanto à variável tempo (t), o que resultou em duas possíveis respostas, ambas defendidas por especialistas.
O que você vai ler neste artigo:
Entenda a questão do Enem que gerou polêmica
A controvérsia concentra-se na pergunta de número 169 da prova cinza do Enem 2025. O enunciado propunha que os estudantes descobrissem o maior valor possível do parâmetro K, a partir da seguinte expressão:P = 4 · log[-K · (t+1) · (t – 19)]A condição imposta era que a pressão interna da máquina não ultrapassasse 10 atmosferas durante seu funcionamento, limitado a um período de dez horas.Contudo, o modo como o enunciado foi redigido deixou margem para interpretações distintas. Parte dos professores considerou o tempo como um parâmetro que varia entre 0 e 10. Outros entenderam que o maior valor de pressão ocorreria ao final do uso, com t = 10 horas.
Respostas divergentes: Alternativa A ou D?
A divisão entre os especialistas culminou em duas correntes interpretativas. A alternativa A foi defendida por cursinhos como Anglo, AZ, Bernoulli, Etapa, Objetivo, SAS e Oficina do Estudante. Por outro lado, a alternativa D foi apontada como correta por instituições como Amplia/Elite, Foco Enem, Farias Brito e FTD.Essa diferença ocorre porque há duas formas de abordar a questão:
- Quem considera t = 10 diretamente como o tempo de uso supõe que a expressão atinge seu valor máximo ao fim do período e chega à alternativa D.
- Já quem entende que o tempo é uma variável contínua entre 0 e 10 horas, interpreta que o pico da pressão ocorre num ponto anterior. Essa análise considera o vértice da função quadrática, culminando na alternativa A como única que respeita o limite de 10 atmosferas.
Qual era a interpretação mais correta?
A análise mais detalhada sugere que a alternativa A obedece de forma precisa à restrição citada no enunciado. O argumento é que a pressão, durante o ciclo de funcionamento da máquina, precisa permanecer abaixo ou igual a 10 atm durante todo o intervalo de tempo, e não apenas ao final.Como indicam os professores do cursinho Oficina do Estudante, ao usar t = 10, valor presente na alternativa D, o gráfico gerado pela função logarítmica cruza o limite seguro de 10 atmosferas aproximadamente em t = 9 horas — o que violaria a principal condição do problema.Um gráfico elaborado pela instituição mostra claramente que, com o valor de K sugerido na alternativa D, a pressão excede 10 atm antes do fim da operação, o que descaracteriza sua validade como resposta correta.
Críticas e possível revisão por parte do Inep
Segundo Átila Zanone, coordenador do sistema Fibonacci de Ensino, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) deve fazer uma análise rigorosa do caso. Ele lembra que o próprio Inep já expressou, em outras ocasiões, sua rejeição a pegadinhas ou questões com enunciado ambíguo e de difícil interpretação sem a devida clareza.Além disso, Rodney Luzio, professor do Curso Anglo, observou que a questão deveria ter destacado de modo mais explícito que a função envolvia uma parábola dentro do logaritmo, aumentando de modo considerável a complexidade da resolução, sem fornecer pistas suficientes para isso.Esse posicionamento também foi compartilhado por Raphael Mantovano, diretor da Plataforma Amplia. Mesmo acreditando na alternativa D, ele reconheceu que a questão é complexa e que “no mínimo merece atenção da banca" por conta dos diferentes caminhos válidos de resolução.
O que pode acontecer com a questão?
Diante da controvérsia em torno da 169, especialistas levantaram a possibilidade de anulação da pergunta. Embora o Inep ainda não tenha se pronunciado formalmente sobre esse item em específico, o precedente existe. Recentemente, o Instituto anulou três questões da prova após denúncias de vazamento, o que mostra que revisões podem ocorrer diante de questionamentos consistentes.Importante lembrar que uma anulação não prejudica os candidatos: todos recebem os pontos da questão, independentemente da resposta marcada.Enquanto isso, estudantes e professores aguardam uma definição oficial por parte do Inep, que poderá inclusive divulgar um gabarito completo com eventuais correções. As análises continuam e a discussão em torno da clareza nas provas do Enem permanece mais viva do que nunca.
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