Fies Social: como funciona e quem pode participar

O acesso ao ensino superior permanece um desafio para centenas de milhares de brasileiros, especialmente para quem pertence a famílias de baixa renda. Para enfrentar essa realidade e ampliar a inclusão universitária, o Ministério da Educação lançou uma nova modalidade de financiamento.

O Fies Social foi criado como ferramenta para reduzir desigualdades e democratizar quem pode estudar em instituições privadas, garantindo mais equidade nas seleções do programa. Entenda como ele atua e o que o diferencia do modelo tradicional.

O que é o Fies Social

O Fies Social é uma modalidade específica do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), instituída em 2024 pelo MEC. Essa vertente do programa atende exclusivamente estudantes de famílias em situação de vulnerabilidade, com foco em garantir condições ainda mais facilitadas para cursar o ensino superior privado.

Além de ampliar o acesso, o modelo reserva vagas e assegura vantagens financeiras para este público. A principal mudança diz respeito à renda familiar, mais restrita, garantindo que os recursos públicos estejam concentrados nos estudantes que mais precisam.

Quem pode participar

Os critérios de elegibilidade para o Fies Social são mais rigorosos, com foco em estudantes de baixa renda. Para se candidatar, é necessário:

• Ter renda familiar per capita de até meio salário mínimo (equivalente a R$ 706,00 em valores de 2024);
• Estar inscrito no Cadastro Único (CadÚnico) para programas sociais do governo federal;
• Ter participado de pelo menos uma edição do Enem a partir de 2010, obtendo nota mínima de 400 na redação e média geral acima de 450 pontos;
• Não possuir diploma de curso superior.

Esses critérios priorizam famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, atendendo, inclusive, beneficiários de programas como o Bolsa Família.

Como funciona o Fies Social

O funcionamento do Fies Social segue a lógica do Fies tradicional, porém com adaptações significativas. Um dos diferenciais está no percentual obrigatório de vagas destinadas apenas a essa modalidade: pelo menos 50% das oportunidades ofertadas no programa precisam ser reservadas para inscritos no CadÚnico.

Outro destaque importante é o benefício de financiamento integral, com juros zerosempre que respeitados os parâmetros da modalidade. O estudante pode financiar até 100% das mensalidades do curso, seguindo o teto semestral estabelecido pelo MEC:

• Cursos de Medicina: até R $ 60 mil por semestre;
• Demais cursos: até R$ 42.900 por semestre;
• Valor mínimo de financiamento: R $ 300.

Mesmo superando o teto previsto, o aluno pode complementar com recursos próprios, desde que aceite o modelo de coparticipação.

Além disso, o Fies Social mantém os benefícios já existentes no Fies tradicional, como carência de até 18 meses após a conclusão do curso e possibilidade de parcelamento da dívida em até o triplo do tempo da graduação financiada.

Diferenças entre Fies Social e Fies tradicional

Apesar de fazer parte do mesmo programa, o Fies Social possui regras e prioridades distintas em relação ao Fies tradicional. Enquanto o modelo mais amplo atende estudantes com renda per capita de até três salários mínimos, o Social mira exclusivamente famílias em situação de pobreza.

Além disso, apenas o Fies Social exige a inscrição no CadÚnico como pré-requisito obrigatório, garantindo foco total nos mais vulneráveis. Há também diferenças significativas nos critérios de juros, cobertura e disponibilidade de vagas. Confira os principais contrastes:

Como se inscrever no Fies Social

As inscrições para o Fies Social ocorrem por meio do mesmo sistema do Fies: o portal do Fies Seleção. O candidato deve acessar com sua conta gov.br no período definido pelo cronograma do Ministério da Educação.

Durante a inscrição, é necessário informar dados pessoais, lista de membros do grupo familiar, CPF, rendimentos e seleção das opções de curso desejado. Os dados do candidato serão cruzados automaticamente com as informações constantes no CadÚnico.

Veja os documentos comumente solicitados:

• CPF do estudante e dos familiares maiores de 14 anos;
• Endereço de e-mail válido;
• Nome e data de nascimento dos membros do grupo familiar;
• Comprovação da renda bruta mensal familiar;
• Comprovante de participação no Enem.

O sistema permite escolher até três cursos por ordem de preferência, sempre entre as vagas reservadas aos candidatos da modalidade Fies Social.

Cotas e prioridade de vagas

Além dos critérios econômicos, o programa mantém as políticas públicas de inclusão por meio das ações afirmativas. Nesse sentido, estudantes que se autodeclaram pretos, pardos, indígenas, quilombolas ou pessoas com deficiência continuam tendo prioridade nos processos de seleção.

Essas cotas são aplicadas tanto no Fies tradicional quanto na modalidade Social, com base nas políticas previstas pela Lei nº 12.711/2012.

Como calcular a renda familiar

Calcular a renda para participar do Fies Social exige atenção, já que qualquer valor a mais pode impedir o acesso ao benefício. Para encontrar o valor per capita, siga o seguinte passo a passo:

1. Some os rendimentos brutos mensais de todos os integrantes da família;
2. Divida o total pelo número de membros, incluindo menores de idade e dependentes.

Por exemplo, numa casa com quatro pessoas e renda total de R$ 2.200, a renda per capita será de R $ 550. Nesse caso, o estudante estará apto à inscrição, pois o valor está dentro do limite de meio salário mínimo (R$ 706 em 2024).

Edital e cronograma do Fies 2025

As regras completas da seleção, tanto para o Fies tradicional quanto para o Fies Social, estão disponíveis no edital unificado. O edital Fies 2025determina os prazos, critérios de seleção, documentos exigidos e funcionamento das modalidades de financiamento estudantil.

É fundamental acompanhar a publicação do cronograma e garantir que a inscrição seja feita dentro dos prazos previstos para cada etapa do processo seletivo.

O Fies Social representa um avanço significativo no acesso à educação superior. Ao focar nos estudantes em situação de maior vulnerabilidade, o programa não apenas viabiliza o ingresso na universidade, como também contribui para a permanência desses jovens, com condições mais justas e inclusivas.