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Immanuel Kant e os fundamentos da razão e moral

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Immanuel Kant é um dos nomes mais influentes da história da Filosofia. Seu pensamento é especialmente importante para estudantes que desejam compreender os fundamentos da Ética e da Epistemologia — áreas-chave cobradas nas principais provas de vestibulares e no ENEM.

Pensador metódico e arguto, Kant propõe que o uso autônomo da razão é o caminho para a emancipação intelectual do ser humano. Suas reflexões sobre moralidade e razão envolvem argumentos lógicos rigorosos, sempre guiados pelo princípio da universalidade e do dever.

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Kant e a revolução do pensamento moderno

Immanuel Kant nasceu em 1724, na cidade de Königsberg, no antigo Reino da Prússia, onde viveu toda a sua vida. Mesmo sem sair de sua cidade natal, tornou-se um filósofo de renome internacional. Sua produção filosófica alcançou o auge a partir de 1770, estabelecendo as bases de uma nova forma de pensar o conhecimento e a moral.

Kant rompeu com os caminhos tradicionais do racionalismo e do empirismo ao criar o criticismo, filosofia que visa analisar criticamente os limites e possibilidades da razão humana. Essa nova abordagem foi chamada por ele de “revolução copernicana”, pois deslocava o centro da análise da realidade para o sujeito que conhece, e não apenas para o objeto conhecido.

Fundamentação da razão em Kant

Segundo Kant, o conhecimento humano só é possível graças à união entre matéria (os dados que captamos por meio dos sentidos) e forma (as estruturas que nossa mente usa para organizar essas informações). Ele defende que há dois tipos principais de elementos que constroem o conhecimento:

  • Intuições sensíveis (a priori): estruturas inatas da mente que permitem a percepção de espaço e tempo.
  • Categorias do entendimento: conceitos puros da razão que organizam o que é percebido.

Portanto, ele considera que “pensamentos sem conteúdos são vazios, intuições sem conceitos são cegas”, o que mostra que a razão sozinha não alcança o mundo nem os sentidos isolados formam conhecimento.

Essa estrutura, chamada de idealismo transcendental, mostra que o mundo como o conhecemos depende da forma como nossa mente estrutura o que sentimos. O objeto “em si”, ou seja, a coisa em si(Ding an sich), permanece inacessível — só podemos conhecer os fenômenos.

Moralidade e imperativo categórico

No campo da Ética, Kant propõe uma moral baseada na razão, desvinculada de interesses particulares, prazeres ou consequências. A moral kantiana tem como base o dever, e sua análise ética parte da boa vontade, que deve ser orientada pela razão.

O ponto central de sua ética é o imperativo categórico, uma fórmula da razão prática que pode ser resumida por uma de suas máximas mais conhecidas:

“Age apenas segundo a máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne uma lei universal.”

Em outras palavras, uma ação é moralmente correta se puder ser universalizada, isto é, se todos pudessem agir da mesma forma sem gerar contradições.

Outro princípio importante afirma:

“Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na de qualquer outro, sempre ao mesmo tempo como um fim e nunca simplesmente como um meio.”

Esse princípio reforça a dignidade humana e a recusa da instrumentalização das pessoas para objetivos alheios. Isso significa que, para Kant, não devemos usar as pessoas como ferramentas para alcançar nossos próprios interesses.

Iluminismo, autonomia e educação

No artigo “O que é o esclarecimento?”, Kant responde com clareza: é a saída da condição de menoridade, estado em que as pessoas se colocam por sua incapacidade de usar a própria razão sem a orientação de outro. Ele afirma:

“Sapere aude! Tenha a coragem de usar o seu próprio entendimento.”

Este chamado à autonomia racional foi um dos fundamentos do Iluminismo, movimento com o qual Kant se alinhou diretamente, defendendo que somente pela razão o homem pode tornar-se livre.

Além disso, ele vê a educação como um ponto fundamental para o progresso moral da humanidade. Em sua visão, educar é despertar o homem para o uso da razão, o que o levará a tornar-se digno da felicidade.

A paz perpétua e a racionalidade política

No campo da Filosofia Política, Kant escreveu o tratado “À Paz Perpétua”(1795), um projeto ideal de convivência internacional marcado por princípios do direito, da razão e da igualdade entre os povos. Embora utópica em parte, essa proposta influenciou diretamente tratados internacionais e até mesmo a estrutura da Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre os princípios desse projeto de paz estão:

  • Estados devem ser repúblicas, com decisões políticas pautadas pela vontade geral.
  • Nenhuma nação pode ser adquirida por herança, troca ou compra.
  • Os direitos cosmopolitas devem ser baseados na hospitalidade universal.

Kant associa a paz à ideia de uma ordem racional inspirada na liberdade e no respeito mútuo.

Contribuições duradouras de Kant

As contribuições de Kant ultrapassaram os limites do pensamento filosófico. Sua obra construiu:

  • Uma base sólida para a ética deontológica (ética do dever).
  • Uma nova lógica para o conhecimento, rompendo com verdades absolutas não fundamentadas na razão.
  • Elementos fundamentais para os direitos humanos, ética profissional e decisões jurídicas.

Suas ideias continuam presentes nos debates educacionais, jurídicos, científicos e políticos. A exigência de uma moralidade racional e universal, longe das paixões e dos interesses pessoais, ainda é crucial nos tempos atuais.

Resumo das principais ideias kantianas:

Conceito

Definição

Criticismo

Análise dos limites da razão para definir onde é possível conhecer.

Idealismo transcendental

Teoria que une percepção sensível e formas racionais do conhecimento.

Imperativo categórico

Regra moral racional universal válida para todos, em qualquer situação.

Autonomia da razão

Capacidade humana de pensar de forma independente, sem tutela externa.

Paz perpétua

Ideal de convivência racional e pacífica entre as nações.

Kant nos convida a pensar e agir racionalmente, levando em conta não apenas o que desejamos individualmente, mas o que podemos querer como um bem comum e universal. Portanto, para os estudantes que buscam compreender Ética e Filosofia em profundidade, estudar Kant é essencial, tanto para o desempenho nas provas quanto para desenvolver uma consciência crítica sólida e autônoma diante dos desafios do mundo atual.

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